sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

Entrevista com a Jucimara Dantas, a Mamá

Entrevista com a Jucimara Dantas, a Mamá

MAMÁ




Valeu, Dênis, pela paciência


(1) Mamá, como você começou a sua carreira? Foi em Santo André? Por que e quando você decidiu ser jogadora de basquete?

Comecei na escola: o Anglo Americano, em Foz do Iguaçu. Depois fui convidada para jogar em Ponta Grossa, que era o time mais forte do Paraná na época.
Decidi ser jogadora por vários motivos, uma por que eu gostava e outra porque meus irmãos eram esportistas (Jorge: handebol, Jussara: judô, e Jucilaine, Josiane e eu: basquetebol), e as coisas foram acontecendo.


(2) Você passou por várias temporadas em Santo André. Qual a importância desse clube na sua carreira? E qual a principal lembrança que você guarda de lá?

Foi extremamente importante para mim, porque era uma equipe que todos acompanhavam pelo trabalho realizado e pela qualidade interna (comissão técnica, dirigentes e atletas).
As minhas principais lembranças de lá são das amigas.


(3) Sua carreira, no entanto, deu um salto com sua ida para o Paraná. Quais foram os principais fatores que levaram a esse crescimento?



Foram vários. Jogando numa equipe como a do Paraná,que tinha uma ótima estrutura, com ótimas jogadoras, fica mais fácil evoluir. Mas o principal fator é que o Borracha e o Vendra me incentivavam muito, e o mais importante: eles confiavam em mim.

(4) Para quem assistia aos jogos, sempre pareceu que a Vicky Bullet te apoiava muito. É verdade ou é só impressão? Se sim, o que você aprendeu com a americana?



Sim. Ela sempre me ajudava. Não só em jogo, mas principalmente em treino. Com ela aprendi a trabalhar melhor no garrafão.

(5) Qual é a pivô que você mais admira e a quem tem como exemplo?

Vicky Bullet !

(6) Dos títulos da época do Paraná, qual é o que você guarda com maior carinho e por quê?

O título do Campeonato Paulista, quando ganhamos do Santo André na final. Fiz um ótimo jogo: marquei 16 pontos, 9 rebotes, roubei bolas, enfim, fiz de tudo um pouco.


(7) Após a conquista do vice-campeonato nacional, você acertou um contrato com um clube francês, o Cavigal. Você já tinha a intenção de jogar fora? Ou foi "obrigada" pelo fim da equipe do Paraná? Como surgiram os contatos com o clube francês?



Eu tinha a intenção, mas não tão cedo, por que queria ficar no Paraná para desenvolver mais com o Vendra e Borracha. Mas aí veio o fim do time e como eu tinha assinado um contrato com Nicolas Garcia, ele fez a proposta de eu ir fazer uma temporada na França e acabei assinando com Cavigal.

(8) Como foi a adaptação à cidade de Nice?

A cidade tem o clima parecido com o de São Paulo, é uma cidade praiana, muito bonita e segura, não tive problemas de adaptação, porque vim acompanhada. Isto é muito importante para uma estrangeira.

(9) Já está fluente no francês?

Falo um pouco, somente o básico. Aqui estou aprendendo mais o Inglês. No meu time, eles se comunicam muito em inglês, porque tem muitas estrangeiras.
E como a cidade é turística, quando eles percebem que não sou francesa, eles automaticamente falam em inglês.


(10) Seu marido, o Dênis, também é jogador de basquete e também está encarando uma temporada francesa. Como ele está se saindo?

No começo, ele teve problemas de visto, e teve que retornar ao Brasil para buscá-lo, e isso atrapalhou um pouco, mas agora está tudo bem.
Ele fala bem o francês, porque tem que ir a escola devido ao visto de estudante.



(11) E no clube, como foi sua adaptação? Pelas estatísticas, vejo que você está tendo muitas oportunidades (e aproveitando-as bem).

No começo, é difícil de entender, mas depois com o dia-dia tudo se ajeita.

(12) Há muitas diferenças quanto aos treinamentos em relação aos clubes brasileiros? E quanto ao calendário?



Sim, aqui tudo é diferente. É um outro estilo de basquete, mas o que mais diferencia é a estrutura financeira que eles tem.
Penso que se o Brasil tivesse a estrutura financeira igual a da França, o Brasil seria hoje número um do mundo devido às atletas de qualidade que possui.
Em relação ao calendário, tudo é estipulado no início, nem o Presidente da França muda (risos).


(13) Sua equipe ocupa a nona posição do campeonato. Quais são as chances dela nos play-offs?

Agora nenhuma, porque os jogos que deveríamos ganhar perdemos.
A nossa chance agora é de ficar entre as oito.


(14) Gostaria que você falasse um pouco das suas companheiras no Cavigal Basket, em especial da sua colega de garrafão, a norte-americana Barbara Farris.




As jogadoras são muito legais, mas com quem eu estou sempre é a Barbara.
Ela é muito divertida, além de ser uma ótima jogadora, é uma ótima pessoa.
Eu a considero muito.


As traduções nunca foram o meu forte, mas por um pedido muito especial, usei a tecla Zap.

My teammates are very nice, but I am always near Barbara. She is very funny and she is also a great player and person.
I really consider her my friend.



(15) A França é uma das equipes que mais cresceu nos últimos anos no basquete feminino mundial. Participando do Campeonato Francês, que análise você faz do trabalho delas?

A França no momento é a potência da Europa. Os dois melhores clubes da Europa são da França. A melhor seleção da Europa é a França. Aqui, eles trabalham sério e é muito bom estar num basquete tão evoluído.

(16) O seu contrato com o Cavigal é de quanto tempo?

São oito meses, mas quero continuar a jogar na França.

(17) Você pensa em tentar uma vaga na WNBA?

Sim, tenho certeza que todos pensam em estar no Basquete Norte Americano; e aqui na Europa é o primeiro passo por existir um grande intercâmbio de jogadoras.

(18) Seu nome tem sido lembrado nas últimas convocações do técnico Antônio Carlos Barbosa. Gostaria que você falasse um pouco das suas expectativas para o Mundial deste ano.



A minhas expectativas são ótimas. Quero fazer parte deste grupo que vai ao mundial.
Mas o grupo que o Barbosa levar para o mundial representará o Brasil, porque temos muitas atletas selecionáveis de qualidade e de experiência internacional.


(19) Sua irmã, a Jucilaine, também está no basquete, na equipe de São Caetano. Gostaria que você falasse um pouco sobre ela e sobre a sua influência no trabalho dela.

Ela está de volta ao basquete para reconquistar seu espaço. Tenho certeza que agora está conseguindo. Ela é muito especial.


(20) Bate-Bola:

A bola que eu chutei e caiu:
No jogo contra Reims;

A bola que eu chutei e não caiu:
No jogo contra Tarbes;

A minha maior virtude em quadra:
Ser calma;

O meu pior defeito em quadra:
Me cobrar muito;

Uma quadra:
A do Paraná Basquete;

Uma colega:
Minha Irmã (amiga);

Uma estrangeira:
Vicky Bullet;

Uma marcadora:
Eu;

Um (a) técnico (a):
São dois: Vendra e Borracha;

Um time:
Paraná Basquete;

Um título:
O paulista, em Carapicuíba contra o Santo André;

O jogo que eu não esqueço:
O mesmo;

O jogo que eu tento esquecer:
Contra o Aix que eu saí com 8 minutos de jogo, com cinco faltas;

Um sonho:
A WNBA.

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