sábado, 21 de dezembro de 2002

Lugar Seguro



Um amigo em comum me conta que a pivô Alessandra Oliveira está "muito chateada" comigo. E completa a conversa com um "vocês que são grandes que se entendam!".

Do alto dos meus míseros 1,86m, só pode ser piada, né?

Mas mesmo assim, tento o entendimento.

Já que a pivô não está disposta a abrir meus e-mails, arrisco por aqui mesmo.

Até porque se tem uma coisa para qual eu não tenho talento é briga. E não quero entrar 2003 sendo motivo de chateação pra ninguém, quanto mais para Alessandra.

Alessandra, não tive a intenção de de te irritar ao publicar notícias sobre a sua ausência no Sopron. Se o fiz, deveu-se única e exclusivamente a admiração que, como todo público brasileiro, tem pelo seu talento e suas conquistas. Peço perdão caso minha abordagem direta da questão e meu e-mail resumidíssimo tenham lhe causado estranheza. Espero que tudo não tenha passado de uma má interpretação da sua e da minha parte. Desejo-lhe boa sorte e sucesso onde quer que você esteja, ou vá.

Enquanto isso, como diz Ana Carolina: "faço das lembranças um lugar seguro".

"Destaque na equipe, pivô novata quer mais treino"

Alessandra Santos de Oliveira (19 anos, 1,97m e 82 kg) está feliz. Pivô novata da seleção brasileira, entrou e correspondeu na vitória contra a forte seleção de Cuba.

"Gosto do que faço. Por isso faço bem. Adoro treinar. Quero aprender cada vez mais. Para estar onde estou, pulei vários estágios" Falta um pouco de técnica e preciso me aperfeiçoar", afirmou a pivô que nos 25 minutos contra as cubanas, cometeu duas faltas, arremessou com precisão dois lances livres, recuperou uma bola e, principalmente, ganhou sete rebotes. É a jogadora mais alta do Brasil e sua envergadura ajuda no bloqueio das adversárias.

Alessandra está no 3o. colegial e chegou a parar temporariamente com os estudos para se dedicar mais aos treinos. Joga pela Unimed/Araçatuba e mora com a irmã Renata, 15, também jogadora de basquete. Aos 15 anos, optou por desistir de uma carreira no vôlei (passou pelas equipes do São Paulo e Pão de Açúcar).

"Com joelho direito ruim [tem reumatismo] ficava difícil os saltos e as quedas no vôlei", afirma a pivô paulistana, que perdeu oa mãe aos 4 anos e o pai aos 15, quando passou a viver com uma tia. Não revela o salário, mas garante que aplica o dinheiro.

Nas horas da folga e concentrações, consome o tempo com leitura. Acabou de ler Olga e o Diário de Anne Frank. "Adoro livros que tem a ver com história" falou. Na TV, aprecia desenhos. Música de vez em quando, dependendo do estado de espírito.


(Folha de São Paulo - 01 de julho de 1993)




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