quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Janeth não sabe se joga Pré-Olímpico

São Paulo - A menos de um mês do Pré-Olímpico Feminino de Basquete, na Cidade do México (entre 17 e 21 de setembro), a ala Janeth, de 34 anos, não decidiu ainda se integrará a seleção brasileira. "Fiquei sabendo da convocação por meio da imprensa. Ninguém me telefonou. Não conversei com o 'Grego' (Gersaime Bozikis, presidente da Confederação Brasileira de Basquete) sobre as minhas condições para jogar. Vou ligar para ele amanhã e decidir se vou", disse a jogadora do Houston Comets, da WNBA.

O site da CBB anuncia que Janeth se juntará à seleção depois da série de amistosos que a equipe fará na Europa, contra a Rússia e a Espanha. "Muito estranho isso. Não estou sabendo de nada", garantiu a jogadora.

Antes de retornar em maio ao Houston Comets, time da liga profissional norte-americana no qual atua há sete anos, Janeth queria ter ficado no Brasil. "Não fiquei porque a seleção estava sem patrocínio e não tínhamos boas condições e locais adequados de treinamento", revelou.

Patrocínio a equipe conseguiu, mas mesmo assim a atleta não está satisfeita. "Não estou pensando só no Pré-Olímpico. Precisamos de apoio e condições de treinamento sempre, classificando ou não o Brasil para Olimpíada de Atenas."

Desde 1987 na seleção brasileira, Janeth foi campeã pan-americana em Havana/91, campeã mundial na Austrália/94, vice-campeã olímpica em Atlanta/96 e bronze olímpico em Sydney/2000. Por tudo isso, faz exigências à CBB. "Sou jogadora de nível mundial e mereço um pouco de respeito e atenção dos dirigentes. E não estou pensando só em mim, mas no grupo todo. De que adianta ter boas jogadoras se não temos estrutura?"

Prioridade - Antes da seleção, Janeth pensa em ser pentacampeã na WNBA – é a única jogadora da liga a atuar em todos os jogos em sete anos. Seu time já disputou 31 jogos (com 20 vitórias) e faltam três para o fim da temporada regular. Vencendo todos, o Houston Comets assume a liderança da Conferência Oeste.

Nesta quinta-feira, o Houston enfrenta o Sacramento Monark, um dos favoritos ao título. No sábado, encara o Seattle Storm. E no domingo, joga contra o líder de sua conferência, o Los Angeles Sparks (que tem 21 vitórias).

Se chegar a disputar o título, a última partida da final em melhor-de-três é em 15 de setembro, outro fator que pode levar a jogadora a desistir do Pré-Olímpico. "Depois de tantos jogos, vou estar muito cansada. Preciso me recuperar fisicamente", disse Janeth.

Mas jogando ou não no México, Janeth afirmou que o Pré-Olímpico será "pedreira", com Cuba, Canadá e outras forças das Américas brigando por apenas uma vaga nos Jogos de Atenas.

Do Texas, a jogadora só pôde acompanhar a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de São Domingos pela internet e jornais. "Nosso time tem várias jogadoras atuando fora do Brasil, como a Helen, a Alessandra e a Iziane. E está bem forte", avaliou Janeth. Sobre a semifinal contra os Estados Unidos no Pan, quando houve erro no placar e o Brasil ficou fora da final, ela disse: "Houve muita repercussão por aqui. Como eu não estava lá, não posso tomar partido de ninguém".

Enquanto não decide se defenderá a seleção, Janeth estuda propostas de clubes, como São Paulo e Ourinhos, para depois da temporada da WNBA. "Morro de saudade da minha terra, do povo brasileiro", admitiu. Em Houston, mora em um apartamento sozinha, alugado pelo clube. "Estou acostumada a ficar só e consigo me virar sozinha. Depois de sete anos na cidade, meu inglês já está bom..."

Em sua última temporada no Brasil, Janeth defendeu o São Paulo e foi campeã paulista. "Foram dez meses de muitas alegrias", contou.

Glenda Carqueijo


Basquete dá chance para Flávia e Érika

As duas jogadoras saíram da conquista do vice-campeonato do Mundial sub-21 da Croácia, para a seleção brasileira principal de basquete, que está se preparando no Rio para a disputa do Pré-Olímpico.

Rio de Janeiro - A ala/pivô Flávia, de 20 anos, e a pivô Érika, de 21 anos, saíram da conquista do vice-campeonato do Mundial sub-21 da Croácia, no início de agosto, para a seleção brasileira principal de basquete, que está se preparando no Rio para a disputa de oito amistosos na Europa, de segunda-feira até 8 de setembro, e o Pré-Olímpico do México, entre 17 e 21 de setembro. Ambas vivem momentos distintos, já que enquanto Flávia experimenta pela primeira vez a sensação de estar no time principal, Érika já participou de um Mundial, o da China, no ano passado.

"Pensei que chegaria à seleção somente com 25 anos. Não esperava conseguir assim tão nova", disse Flávia. A atleta foi um dos destaques no Mundial sub-21, o que lhe rendeu a admiração do técnico da seleção principal, Antônio Carlos Barbosa.

Flávia contou já estar adaptada à nova rotina de trabalho. Lembrou que as atletas com "mais tempo de seleção" têm sido atenciosas e a aconselhado. "Parece que nos conhecemos há milhares de anos", afirmou.

O fato de já ter atuado ao lado de Érika e ter o apoio de mais quatro companheiras de seu time, o Unimed/Americana, também a tem ajudado a enfrentar o novo desafio.

E o bom ambiente na seleção, citado por Flávia, é visível nos treinamentos, realizados com brincadeiras e descontração. A outra ‘novata’ no grupo, Érika, concordou com a atleta e lembrou que poucas diferenças existem entre as seleções principal e sub-21.

"Aqui o treinamento é mais light. As meninas estão mais velhas, por isso, corremos menos", divertiu-se Érika, que integrou a delegação 7ª colocada no Mundial de 2002. "Mas temos o momento sub-21, porque todas são divertidíssimas. Verdadeiras irmãs mais velhas."

Flávia e Érika também se mostraram entrosadas quando o assunto foi cortes na seleção brasileira. Barbosa será obrigado a realizar duas dispensas no time, já que das 14 atletas convocadas, somente poderá inscrever 12 para a disputa do Pré-Olímpico, que dará ao vencedor uma vaga aos Jogos de Atenas. Contaram não estar se sentindo pressionadas e fazendo o melhor para permanecerem na delegação.

Michel Castellar


Fonte: Estadão










Nenhum comentário: