domingo, 31 de agosto de 2003

Papo com o Trajano

José Trajano
trajano@lancenet.com.br

Basquete precisa de mais união

Pelas quadras do basquete brasileiro corre um mar de sentimentos. Principalmente, os piores do mundo: ódio, ciúme e inveja. As gerações não se bicam. Amaury Passos e Oscar são inimigos. Oscar não fala com Wlamir Marques, logo com o nosso Wlamir, um santo homem! Marcel e Hélio Rubens não podem se encontrar.

Os técnicos não se dão. José Medalha, Miguel Ângelo da Luz e Waldir Boccardo são recalcados; Alberto Bial é execrado por muitos; Zé Boquinha reclama pelos cotovelos; Lula e Tom Zé, antigos companheiros, romperam a amizade. Mas o feminino não fica atrás. Há o grupo da Maria Helena e Heleninha, a Laís Helena não vai com Paulo Bassul, e Antônio Carlos Barbosa tem críticos e inimigos por todos os lados, inclusive entre as jogadoras.

O que isso tem a ver com o fraco desempenho da Seleção no Pré-Olímpico de Porto Rico? Muita coisa. Senão antes e durante, agora, com a frustração da não classificação para Atenas. Foi um fiasco, não há dúvida. Mas para o bem do basquete, sou de opinião que o melhor é tocar a bola para a frente e investir na moçada.

Na Argentina foi assim. Quebraram a cara durante anos e ficaram fora de competições importantes, mas tiveram paciência para lapidar uma geração. Que, hoje, é vice-campeã mundial. Por pior que o Brasil tenha jogado, acredito no potencial de Anderson Varejão, Nenê, Thiago Spliter, Alex, Leandrinho e Guilherme, todos na faixa até 23 anos e, certamente, com mais de 10 anos de basquete pela frente.

Mandar Lula e comissão técnica embora não vai resolver. Tem de haver uma reflexão, uma revisão de conceitos, intercâmbios para treinadores e jogadores, a realização de torneios da Seleção no país, melhor planejamento porque a equipe jogou 17 partidas em um mês. E acabar de uma vez por todas com as caravanas, patrocinadas com o dinheiro não sei de quem, de políticos e familiares, como aconteceu lá em Porto Rico.

Fonte: Lancenet

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