terça-feira, 27 de janeiro de 2004

Coluna do Melchiades

O custo olímpico

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

"Não sou mais aquele", lamenta Tracy McGrady. "As férias me fizeram falta."
O armador do Orlando anota quase seis pontos a menos que no ano passado (26,5 x 32,1) e exibe a pior pontaria da carreira (41,9%). Não à toa, seu time, apontado nas prévias como força da Conferência Leste, arrasta-se na última colocação entre os 29 da NBA.
Ele, contudo, não está sozinho no muro das lamentações. Todos os que mergulharam em 2003 na busca de uma vaga olímpica para seu país agora pagam o preço de não ter descansado no verão.
O pivô Tim Duncan marca menos pontos, pega menos rebotes, distribui menos assistências e dá menos tocos que no ano anterior. Nos lances livres, nunca errou tanto. O índice, bisonhos 59,7%, breca o San Antonio. O campeão surge só em quinto na tabela.
A precisão do armador Jason Kidd nos arremessos despencou para 38,8%, a mais baixa em nove anos. Sua pontuação caiu de 18,7 para 16,9. O New Jersey, claro, sentiu. Finalista nos dois últimos anos, faz só a 13ª campanha.
O armador Allen Iverson segue o cestinha da liga, mas com a menor média desde 1999. Seus 27,1 pontos por jogo, ademais, são financiados por muitos erros de arremesso -seu índice caiu para 39,1%, o pior da carreira. E por um descuido recorde com a bola -seus turnovers subiram de 3,49 para 4,59. O Philadelphia, outra força do Leste, não figura na zona de passagem para os playoffs.
A análise minuciosa não poupa nem quem parece fazer uma boa temporada, casos de Ray Allen, Vince Carter e Jermaine O'Neal.
O armador do Seattle não repete suas médias históricas nos arremessos de quadra (44,4% x 44,9%), nos tiros de três pontos (37,3% x 40,1%) e até mesmo nos lances livres (86,5% x 88,2%).
O ala do Toronto praticamente dobrou o número de turnovers (3 x 1,72) e registra a menor pontaria (41,4%) como profissional.
O aproveitamento do ala-pivô do Indiana nos chutes (41,4%) é fraco para quem atua sob as tabelas -especialmente nesta era de poucos gigantes de qualidade.
Dos oito norte-americanos que mais jogaram no Pré-Olímpico, apenas um (Mike Bibby, do Sacramento) não se machucou nesta temporada da NBA. Allen perdeu 25 rodadas; Iverson, 12.
Talvez o sinal de alerta que jorra dessa salada estatística ofereça uma explicação para o espantoso desenrolar do Paulista feminino.
Janeth emendou a WNBA com o Pré-Olímpico no México. Érika disputou o Mundial sub-21 pouco antes de se apresentar à seleção adulta. Silvinha teve de pôr a cabeça no lugar depois de jogar o Pan-Americano e romper com o técnico Antonio Carlos Barbosa.
O trio, que deu a invencibilidade a Ourinhos na primeira fase, não foi "aquele" na reta final.
A veterana ala teve médias idênticas de assistências e turnovers (3,2) e, na defesa, apelou para as faltas (4 por jogo). O mesmo problema prejudicou a pivô -só pôde atuar 136 dos 200 minutos do mata-mata. Já a armadora murchou nos arremessos: 48%, abaixo de sua média de 54%.
Americana, conjunto menos exigido nas "férias", prevaleceu.


Fonte: Folha de São Paulo

Melk acabou se confundindo e chamou o Nacional mais paulista de todos os tempos de ... Paulista!

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