segunda-feira, 31 de maio de 2004

"Zeus do basquete nacional", Bozikis enfrenta crítica de opositores


Quem diria que o basquete brasileiro teria em seu Olimpo um cidadão ateniense bem nos Jogos Olímpicos da Grécia? Gerasime Nicolas Bozikis -ou Grego, como é mais conhecido- é o presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

Se ele é o Zeus do basquete nacional, há vários candidatos a Prometeu, personagem mítico que ousou desafiar os deuses. O ex-jogadora Paula é um deles, o pivô Pipoka outro, mas o mais declarado é o técnico José Medalha, que se lançou candidato de oposição à presidência do CBB em 2005.

Na mitologia grega, Zeus simboliza a ordem racional. É considerado o "pai dos deuses". Mas também é dado a atos de ira. Bozikis, quando assumiu, rompeu com a empresa de marketing oficial, o que afastou a modalidade do então patrocinador (Caixa Econômica Federal) e o televisionamento.

Por outro lado, ele aponta como trunfo a saída do basquete do eixo Rio-SP. "O basquete nacional estava concentrado no eixo Rio-SP e precisávamos massificar o esporte", aponta. Organizou 95 campeonatos de seleções de base, movimentando 11 mil garotos e garotas por todo Brasil.

Medalha, técnico da seleção masculina em Barcelona-1992, concorda com Grego. "Ele não fez mais nada do que a sua obrigação". Perguntado sobre as falhas do presidente à frente da Confederação, Medalha abre a caixa de Pandora. "Ele é muito centralizador. Todas as decisões giram
em torno da figura dele".

Grego nega centralizar tudo: "Eu apenas faço com que as decisões sejam cumpridas. Se isso é ser autoritário, pode me chamar assim".

Uma das críticas mais veementes de Medalha, que concorrerá às eleições para presidente da CBB, no ano que vem, é sobre a falta de transparência em sua administração. "Ele não tem diretoria. As três pessoas que estão lá foram colocadas por ele. Não há transparência de como o dinheiro recebido pelos patrocinadores do Nacional de Basquete é investido. Onde é colocado o dinheiro da Lei Piva?". E completa: "Apesar de ser uma entidade privada, precisa haver uma auditoria externa nas contas da entidade. Precisa tornar as coisas mais claras".

Críticos mais entusiasmados de Grego acusam-no de ter pagado as passagens de alguns membros da família Sarney para o Pré-Olímpico masculino de Porto Rico, realizado no ano passado, em troca a um suposto favorecimento no acordo da Eletrobras para patrocinar a seleção feminina. "Você acha que a governadora Roseane Sarney e seu marido (Jorge Murad) não teriam dinheiro para passar uns dias em Porto Rico? Eles são amantes de esporte e decidiram passar as férias lá para acompanhar a seleção. O máximo que fiz foi conseguir credenciais para eles, sem nenhum custo para a CBB".

Não satisfeito Medalha escancara a caixa de Pandora. "Como vamos popularizar o basquete se a seleção masculina não consegue se classificar para duas olimpíadas consecutivas (Sydney-00 e Atenas-04)? Doze anos fora da principal competição mundial é muito ruim para o esporte. Dessa maneira não tem como conseguir bons patrocínios". Grego admite que a situação da seleção masculina não é boa, mas explica que o processo para se formar grandes equipe precisa de tempo. "Demora de oito a dez anos para se formar um time. O trabalho está sendo feito e, com certeza, vamos participar das Olimpíadas de Pequim, em 2008".

Agora só resta esperar a eleição de 2005. De um lado Prometeu, com a caixa de Pandora e a esperança para mudar a situação. De outro Zeus, filho de Cronos (senhor do tempo), tentando esticar seu mandato por mais quatro anos.

Fonte : UOL Esportes

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