terça-feira, 30 de novembro de 2004

A Coluna do Melchiades

Godiva do Irajá

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE


A culpa é da Kátia, explicaram aos atletas do Rio das Ostras, quando estes se viram sem ter o que comer nem onde dormir em plena competição.
A culpa é da Kátia, avisaram à população da cidade do litoral norte fluminense, enquanto as equipes empilhavam derrotas humilhantes no Estadual masculino e no Nacional feminino.
A culpa é da Kátia, apontou a federação do Rio, ao anunciar a retirada dos rapazes de um campeonato que já havia começado irrelevante, dado o boicote inédito de todos os grandes clubes.
A culpa é da Kátia, referendou no dia seguinte a confederação brasileira, tão logo as moças jogaram a toalha -a primeira desistência da história do torneio.
A culpa é da Kátia, aceitou a imprensa, bovina como nunca.
Aparentemente Kátia Meschese passou cheque sem fundo e valeu-se de promessas falsas de patrocínio para angariar apoio político e inscrever o Rio das Ostras nos dois certames. Eu digo aparentemente porque por ora ninguém conseguiu (ou quis) colher a versão dela sobre todo o fiasco.
O linchamento segue, então.
Já já dirão que é culpa da Kátia o vacilo da CBB, que abriu mão da caução antes de topar o clube, procedimento de segurança que vale no Brasileiro para homens.
Dirão que é culpa da Kátia que nos reste agora o Nacional café-com-leite, somente com representantes de São Paulo e Minas, o mais restrito de todos os tempos.
No embalo, dirão que é culpa da Kátia a volta da Rede TV! para os braços do vôlei, o cancelamento dos torneios de base, o arcaico basquete da seleção olímpica, o racha da comissão técnica...
Dirão, por que não?, que é culpa da Kátia a década perdida da seleção masculina, a má fase dos patrícios na NBA, a falta de um mísero craquezinho no/do país.
Só não poderão dizer que é culpa da Kátia a desmoralização do último Nacional masculino.
Você há de se lembrar daquela conturbada semifinal Ajax x Flamengo, em junho. A bola de três pontos partiu após o estouro do cronômetro, a buzina de alerta não tocou na hora, a cesta foi erradamente validada, a torcida desceu a arquibancada em protesto, o árbitro Sérgio Pacheco se refugiou no vestiário, um bocado de tempo se passou, a TV fez escândalo ao vivo, o juiz atendeu ao celular nas coxias e retornou à quadra, a vitória trocou de lado, o basquete soube que o jogo nem sempre acaba quando termina.
Na semana passada, disquei para o interior paulista. Oi, Pacheco, tudo bem? Eu queria tentar esclarecer uma parada. Até agora a imprensa não trouxe sua versão do incidente em Goiânia. Por quê? "Enquanto ele era julgado, até para que minhas declarações não influíssem, preferi ficar quieto". E por que o silêncio depois? "Os jornalistas me esqueceram. Ninguém me perguntou!" Então, diz aí, foi o telefonema no vestiário que fez você mudar o placar da partida, não foi? "Nem toquei no assunto naquela conversa, te juro." Quem estava do outro lado da linha? "Minha mulher." E o nome dela? "Lígia."
Dessa, a Kátia, belzebu provocante do basquete, está livre.

Exocet 1

O incidente Rio das Ostras, que vergonha, acabou no site da Federação Internacional. Não se sabe se foi a Kátia quem plantou a nota.

Exocet 2


Editorial do www.fberj.com.br chama Kátia de estelionatária e entrega por que mudou neste ano o nome da consagrada Copa Eugenia Borer: "A base só sobreviveu pelo patrocínio vindo da Secretaria de Assuntos Estratégicos, comandada pela Patrícia Amorim".

Exocet 3

A jogadora mais eficiente do Nacional até aqui se chama... Kátia. A pivô de 21 anos e 1,93 m do Santo André aparece em primeiro nos rankings de pontos (20,5), rebotes (11) e tocos (2.5).

E-mail melk@uol.com.br

Fonte: Folha de São Paulo

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