sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Basquete feminino pede socorro

Por Juarez Araújo - 11:45 - 21/01/2005



Certa vez fui testemunhal de uma declaração bombástica do diretor de basquete feminino da Federação Paulista, Fiorizi Piovesana. Na época (1997), o dirigente apostava na criação de várias divisões para expandir o esporte. E apostava: sem Paula e Hortência em quadra, as previsões eram otimistas que iria melhorar. E dava uma explicação que só ele entendia. Sem as duas estrelas, novas jogadoras chamariam a atenção da mídia, o campeonatos seriam equilibrados, etc. Paulas e Hortências iriam multiplicar em números, segundo ele. A mídia iria tratar todas igualmente. Pura ilusão.


Já se passaram oito anos da tão famosa frase, e cada vez vejo um buraco sem fim do basquete feminino brasileiro. Escrevo isso com uma dor tremenda no coração porque realmente quem viu em quadra a geração passada, sempre pensa grande. E fico ainda mais triste acompanhar que o basquete feminino brasileiro está chegando no fundo do poço. E literalmente, não só tecnicamente, como também financeiramente.


As equipes de bom nível se resumem em duas: Ourinhos e Americana. E vou mais longe ainda. Essas duas equipes, com os mesmos técnicos e jogadoras, em outras épocas, brigariam por um terceiro e quarto lugares em qualquer competição que estivessem.


Antes, Paula e Hortência, jogavam por aqui, lotavam ginásios e chamavam sim a atenção da mídia. Hoje nada disso acontece, ao contrário. As principais jogadoras estão na Europa. E por aqui ficaram as jogadoras que os clubes podem pagar. Como Janeth, em fim de carreira, a principal estrela do time de Ourinhos.


Foi uma tortura assistir pela TV a pobre série final do Campeonato Nacional, diga-se de passagem, a terceira seguida entre Americana e Ourinhos, onde a principal jogadora foi a veterana Cinthia Luz, de Americana, a irmã mais velha de Helen e Silvinha. Revelação com potencial, nenhuma.


Não há nada de novo, nada de bonito, nada agradável... O pobre aro ficou todo amassado na vitória por 73 a 63 de Ourinhos e definindo assim o título do Nacional. Não existe mais a magia. Enfim, quase nada de um basquete primitivo que lamentavelmente não é o verdadeiro basquete feminino que conheci. E ainda lamentável foi o posicionamento do técnico Vendramini, de Ourinhos: "nunca vi uma série final tão empolgante como essa. Nem nos tempos de Prudentina x Sorocaba, Sorocaba x Piracicaba presenciei algo assim”.


Vendra, com todo respeito. Dá um tempo tá. Se não tem o que falar, feche a boca. Tapar o sol com a peneira é uma forçada que vai ficar na história.


Perspectiva a curto prazo, não vejo. Ou será que os candidatos à presidência da Confederação Brasileira, Gerasime Bozikis, Hélio Barbosa e José Medalha têm a solução. Pelo menos terão a oportunidade de falarem no encontro que terão no Teatro da UniverCidade, no Rio neste fim de semana. O tema: futuro da CBB: novas perspectivas para o basquete.


Além disso, começou no Unicoc, em Ribeirão Preto, com 21 jogadoras entre 15 a 17 anos, a primeira fase do Desenvolvimento de Talentos da Confederação Brasileira. Durante 10 dias, as promessas observadas durante os campeonatos nacionais de base, serão treinados. Quem sabe, de vice cadete do continente, possam se tornar verdadeiras campeãs sul-americanas.



De Bandeja



A equipe do Hondarribia Irun, comandada pela técnica brasileira Maria Helena Cardoso continua na briga pelo título da Liga Espanhola. Atualmente, a equipe do País Basco tem oito vitórias e cinco derrotas, ocupando a quarta colocação. O líder é o Perfumarias Avenida, com 12 vitórias e apenas uma derrota. O time da treinadora brasileira tem como próximos adversários o Acis-Sufi Leon, neste domingo e o Adecco Estudiantes, no próximo dia 29.

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Enquanto o basquete feminino está à beira da falência, o que se vê é a ex-estrela Hortência nos estádios de futebol assistindo e promovendo o Campeonato Paulista, ao lado do filho. Aos dirigentes do basquete falta imaginação, falta competência. E aos poucos, o esporte está se acabando.


Fonte: AOL

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