sexta-feira, 27 de maio de 2005

Elas perderam o encanto!

Claudio Cordeiro


Em 1997, quando a NBA resolveu dar uma colher-de-chá ao basquete feminino e criou a WNBA, dezenas de jogadoras do mundo todo almejaram, um dia, brilhar no campeonato mais organizado e famoso do planeta.

Entre tantas estrangeiras, as brasileiras não podiam ficar fora. E Janeth foi pioneira ao ser contratada pelo Houston Comets.

Nossa melhor jogadora da época e da atualidade fez sucesso na terra do Tio Sam. Mesmo não jogando os 40 minutos como estava acostumada no Brasil, e tendo um papel de coadjuvante na equipe, Janeth conquistou seu espaço e quatro anéis de campeã. Um feito.

Outras jogadoras brasileiras também quiseram trilhar o caminho de Janeth. Foi a vez de Claudinha e Kelly (Detroit Shock), Alessandra, Leila e Helen (Washington Mystics), Cíntia Tuiú (Orlando Miracle), Adrianinha (Phoenix Mercury), Érika (Los Angeles Sparks) e, por último, Iziane (Miami Sol, Phoenix Mercury e Seattle Storm).

Mas o sol não brilhou para todas como ocorreu com Janeth. Algumas até se destacaram, como Cíntia Tuiú, que foi a quarta escolha no draft de 1998 e até conseguiu uma indicação para o All-Star Game daquele ano.

As demais conseguiram apenas alguns minutos de figuração. Helen, uma unanimidade até então na armação da Seleção Brasileira, teve de se contentar com míseros minutos em quadra e entrava para descansar a armadora titular Annie Burgess. A australiana não era nenhum fenômeno na armação, mas tinha a proteção do técnico Tom Maher, treinador da seleção da Austrália.

Outras brasileiras, como Leila e Alessandra, as chamadas “pavio-curto”, não admitiram ficar no banco para jogadoras com menos qualidade técnica, arrumaram as malas e bye-bye USA!

Após sete anos de liga, as brasileiras tiraram algumas lições. Hoje, apenas Janeth e a novata Iziane disputam a competição. Helen também quer regressar para a WNBA, mas o Washington dispensou a nossa armadora no início da temporada e agora ela busca uma vaguinha em outra equipe.

Na Europa, onde as brasileiras atuam durante oito meses por ano, elas são titulares e comandam seus times. Alessandra é capitã do Reyer Veneza, na Itália. Helen e Érika foram campeãs com o Barcelona, na Espanha. Cíntia Tuiú foi campeã na Itália, numa final contra a equipe de Adrianinha. Iziane levou o Ekaterimburg ao honroso terceiro lugar na Rússia. Ou seja, talento reconhecido.

Com isso, o sonho da WNBA e o glamour da famosa liga aos poucos foi deixado de lado. Ao invés de sair da Europa e ir direto para a WNBA, elas preferiram férias.

Alessandra foi tratar de uma contusão no pé. Adrianinha foi para Franca, cidade natal, curtir a família e descansar. Kelly operou o joelho e aproveitou para colocar silicone nos seios - quem sabe não pinta até um convite de alguma revista masculina, já que ela foi eleita a musa da delegação feminina nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo em 2003.

O fato é que as jogadoras brasileiras ganharam respeito e dinheiro jogando na Europa. E, aos poucos, foram perdendo o encanto pela WNBA, um campeonato feito para as norte-americanas, em que elas fazem as regras.


Fonte: Loucos por Esporte

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