terça-feira, 26 de julho de 2005

As Nossas Ligas...

Charge de Mauricio Reguffe, no site Rebote (www.rebote.org)Muitos fãs do basquete têm visto com entusiasmo a possibilidade de criação da Nossa Liga de Basquete. Eu sou um deles.

Embora grande parte da preocupação de quem gosta do basquete feminino seja a queda da qualidade e de resultados da nossa seleção principal, algo mais grave tem ocupado o cenário nos últimos anos. Estamos perdendo espaço. O trabalho de base naufraga, sustentado por algumas poucas ilhas que, regra geral, trabalham em condições precárias. O nível dos torneios nacionais desceu a serra. Fora Janeth, não há uma única jogadora com apelo popular. Não há basquete na Tv, nem nas quadras.

Longe de achar que a Nossa Liga revolucionasse esse cenário, esperava que ao menos desse dignidade ao esporte. Que possibilitasse aos clubes reavivar o basquete em suas cidades e reaquecer o pequeno celeiro de jogadoras. Nada mega. Nada hiper. Quando o Brasil foi campeão mundial, haviam cinco equipes em atividade no principal campeonato adulto do país. Não era nenhuma maravilha. Mas o basquete feminino no Brasil sempre foi assim: algo difícil de entender e de explicar.

Nos últimos dias, tenho estado especialmente angustiado...

Embora o projeto da Nossa Liga seja interessante, tenha o respaldo de ídolos como Paula e Hortência, o caminho parece deveras acidentado.

O principal problema é a falta de acordo com a CBB. A Confederação não se contenta em não ajudar/reconhecer a nova liga. Quer atrapalhar.

Pela primeira vez na história, o presidente Grego se pôs a discutir o Nacional masculino tão logo uma edição se encerrou. Hoje, deu voz à clubes, que formarão uma Comissão Executiva. O detalhe sórdido é que foi necessário que Oscar brigasse, ameçasse a diáspora para que Grego espanasse o pó do terno. Até então, nada o incomodava: viagens de ônibus, clubes falidos, etc e tal.

O momento sugere um racha.

Para quem gosta do masculino, não se preocupe. Pode ser pior. O pior é o feminino.

Se Grego e a CBB dedicam ao Nacional Feminino o mesmo tratamento de um torneio de várzea, temo qual será o cardápio desse ano. Pois se em julho, a CBB já deveria estar programando o próximo Nacional, que ela tanto fez para ocorrer no segundo semestre; o que acontecerá agora que as atenções estão voltadas ao masculino? Se a CBB insistiu tanto para que as competições masculina e feminina ocorressem em períodos diferentes para facilitar divulgação e organização, por que a entidade diz agora que o próximo Nacional Masculino começará em dezembro? Difícil entender tanto descaso, às vésperas do país sediar um Mundial.

O torneio da Nossa Liga tem alguns problemas a resolver. Primeiro, a entidade precisa se fortalecer. Para isso, há uma série de entraves: legais, burocráticos, financeiros... Até onde sei, a primeira edição feminina começaria em outubro. As inscrições se encerram nessa sexta-feira. Nove clubes estão "confirmados": São Bernardo, São Caetano, Piracicaba, São José do Rio Preto, Maringá, Marília, Janeth Arcain, Catanduva e Uberaba.

Aí aumentam os problemas da Nossa Liga. Além de arrumar uma cara para si, a entidade precisa arrumar uma cara para seus clubes.

Dos nove citados, São Bernardo e Marília são os únicos que tem um patrocinadores. Ambos modestos, mas ao menos os têm. São Caetano tem uma folha apertadíssima. Piracicaba - põe aperto nisso. Rio Preto está disputando ligas regionais. Não conheço o trabalho de Maringá. O Centro Janeth Arcain só tem (por enquanto) categorias menores. E bem menores. O time não tem condições de jogar a liga nesse ano. Catanduva inicia um projeto interessante, mas ainda busca patrocinador. Uberaba não tem o time pronto. Deve montá-lo, caso se confirme o patrocínio da Black & Decker, como nas últimas temporadas.

Ainda assim, uma competição mais longa com esses clubes e com o mínimo de dignidade e organização seria bem mais interessante que os Nacionais da CBB.

Outras equipes podem confirmar ainda a entrada na NLB.

Mas as opções são poucas.

Até agora, Ourinhos e Santo André estão do lado da CBB.

Ribeirão Preto está em cima do muro.

No máximo, a CBB poderia conseguir ainda uma equipe bancada pelo grupo Universo.

Caso se mantenha a posição do momento, ocorreriam duas ligas. Duas ligas quebradas, já que o país não teria nem jogadoras, nem técnicos, nem Tvs, nem público para sustentá-las.

No entanto, a possibilidade de um patrocínio na casa dos 5 milhões para uma liga com respalo da CBB parece ter convencido as partes a se entenderem. E até o presidente Grego, que como todos na CBB mudam de opinião conforme sopre o vento, já deu a deixa no final de sua declaração hoje: "a comissão terá força e liberdade para conversar com os demais clubes e unificar o basquete brasileiro."

"Demais clubes" quer dizer Nossa Liga?

Os próximos dias dirão...





Nenhum comentário: