domingo, 25 de setembro de 2005

Entidade pede a equipes que não joguem "torneio similar" ao Nacional e tira de liga de ex-atleta a elite de São Paulo

CBB impõe exclusividade e debilita Oscar

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A confederação brasileira deu mais um passo para tentar impedir a realização do campeonato da Nossa Liga de Basquetebol, presidida pelo ex-jogador Oscar.
Para coibir a liga rival, a CBB exigiu exclusividade ao Nacional, organizado pela entidade, que terá início em 11 de dezembro.
Em documento remetido aos principais clubes paulistas, a confederação solicitou aos interessados em sua competição que enviassem um ofício à CBB garantindo que não participariam "de campeonato similar no Brasil".
O prazo para as agremiações mandarem a comunicação formal foi encerrado anteontem. Segundo a entidade, 11 clubes de São Paulo confirmaram presença no Nacional. Ao todo, são 27 equipes que almejam lugar no evento.
A NLB não divulga oficialmente quantos clubes permanecem em seu evento. A Folha apurou, contudo, que ainda restam 18 times.
"É lamentável essas equipes saírem. Mas quem entrou achando que a Nossa Liga iria bancar tudo deduziu errado", afirma José Medalha, diretor-executivo da NLB.
As maiores baixas da Nossa Liga foram Rio Claro, Bauru e Paulistano, clube que foi sede da maioria dos encontros promovidos pela associação de clubes. O Franca, que consta da relação da CBB, não se pronunciou oficialmente.
"Estamos reunindo a diretoria e vamos ouvir os nossos patrocinadores. Devemos ter uma decisão sobre esse assunto só na semana que vem", explica Júlio Tadeu Biondi, presidente do Franca.
Segundo o dirigente, o clube não enviou o ofício exigido pela CBB. "Consultamos nosso departamento jurídico, que nos disse que não era necessário. Caso o time se classifique no Paulista para participar do Nacional, ninguém pode impedir que a equipe jogue o torneio", argumenta Biondi.
Até 2004, os Estaduais eram classificatórios para o Nacional. Neste ano, no entanto, os critérios serão definidos pela Comissão Executiva, criada pela CBB com a participação dos clubes. A próxima reunião deve acontecer na semana que vem, em São Paulo.
Entre os dissidentes, a maioria afirma que não teria condições de participar da competição da NLB.
"Na última reunião da liga nos disseram que, caso não houvesse patrocinadores, cada equipe teria que desembolsar R$ 25 mil por mês para participar. Não temos condições", conta Rafael D'Urso, diretor de basquete do Rio Claro.
José Martha Neto, presidente do Bauru, disse que a falta de verba foi o empecilho. "Embora fosse de nossa vontade, por razões financeiras, não temos condições de participar do campeonato."

POR QUÊ?

Gerenciamento de verba pesa na decisão de times



Para cooptar os clubes, a CBB cedeu a administração financeira do Nacional às equipes. A Comissão Executiva, integrada por representantes dos times, é quem vai comandar o evento.
"Os clubes vão gerenciar a verba. Por isso decidimos que era mais interessante disputar o campeonato da CBB", declara Charles Eide Júnior, gerente de esportes do Paulistano.
Com dinheiro em mãos, a expectativa das agremiações é receber maiores recursos. "Ainda não sabemos quanto, mas o dinheiro será distribuído aos clubes", crê Rafael D'Urso, diretor de basquete do Rio Claro.
No embate de forças, a CBB pela primeira vez se encontra em vantagem em relação à Nossa Liga de Basquetebol.
Dos oito primeiros colocados do Nacional-05, cinco pretendem jogar a edição de 2006: Uberlândia, Ribeirão Preto, Brasília, Paulistano e Minas.
Rio de Janeiro, atual campeão nacional, Araraquara e São José dos Pinhais continuam na NLB, que ontem pôs no ar seu site oficial (www.nossaligadebasquetebol.com.br).
No Nacional-05, a CBB só distribuiu R$ 10 mil aos times como ajuda para despesas com transporte. Insatisfeitas, as equipes fundaram a liga. (ALF)


Fonte: Folha de São Paulo

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