quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Euros esvaziam equipes no recomeço

Marta Teixeira

São Paulo (SP) - O apelo dos euros e a estabilidade falaram mais forte às jogadoras e algumas equipes vão começar as quartas-de-final do Campeonato Nacional Feminino de Basquete um pouco mais frágeis. O torneio abre sua fase de quartas-de-final, nesta quarta-feira, e as vítimas da debandada são as equipes do Jesus Adolescente/Catanduva e do Pão de Açúcar/Unimar/Marília.
Comandada pelo técnico Edson Ferreto, Catanduva perdeu duas jogadoras: a ala/armadora Luciana Perandini e a ala Cléia. O Marília despediu-se da armadora Ana Flávia Sackis, a Passarinho.

Com média de 22,7 pontos por jogo, Cléia era cestinha do Nacional, mas preferiu ir para a Itália. A ala acertou sua transferência para o Gescom Viterbo onde jogará ao lado da ala/pivô brasileira Flavia Luiza de Souza, que já tinha trocado o Brasil pela Europa na temporada passada.

Luciana também tem como destino a Itália. Segundo a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), responsável por autorizar a transferência de atletas nacionais para o exterior, a Federação Italiana pediu a transferência, mas ainda não informou para qual clube a jogadora vai.

Passarinho vai defender o Germano Zama Faenza, também italiano. Destaque do grupo mariliense, ela vai ocupar a vaga aberta pela armadora Adrianinha. A titular da seleção brasileira afastou-se da equipe porque está grávida.

'Não tínhamos como impedir que ela fosse', diz a supervisora do Marília, Cristina Ferreira de Brito, a Tininha. 'Era uma oportunidade muito boa para sua carreira'. A equipe paulista não contratou ninguém e vai se mantendo no Nacional como pode.

O caso de Marília exemplifica bem uma situação até certo ponto generalizada nos clubes de basquete feminino, que sofrem com a falta de recursos. Segundo Tininha, o time, que se mantinha com uma verba de R$ 10 mil até julho de 2005, perdeu 40% de seus recursos após o Campeonato Paulista por causa de um corte da Prefeitura.

'Se não fosse a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) a gente teria desistido do campeonato (Nacional)', garante a dirigente. De acordo com ela, a Confederação banca a despesa integral com hotel nas viagens e ainda tem ajudado no pagamento de algumas taxas de arbitragem.

O presidente da CBB, Gerasime Grego Bozikis, afirma que o sistema de apoio não difere muito do que era oferecido na temporada anterior. 'Este ano, incluímos as passagens aéreas para Recife e Goiânia porque achamos importante a entrada destas duas novas praças', diz o dirigente. Ele inclui ainda o pagamento de transporte rodoviário, pernoites em hotel, quando necessárias, e transporte dos árbitros entre os benefícios oferecidos aos times. 'Os R$ 400 mil (do contrato de transmissão) são gastos integralmente com os clubes (incluindo a estrutura de suporte do campeonato)', garante.

Mas a competição já passou por momentos delicados no passado. Em 2005, por exemplo, a equipe de Rio das Ostras abandonou o torneio na metade alegando problemas financeiros. Por conta de tantas incertezas econômicas envolvendo os clubes nacionais - que não poupam nem clubes tradicionais que lutam sem patrocínio -, a Europa tornou-se um dos portos seguros para as atletas.

Na Itália há seis brasileiras, fora Adrianinha, atuando na primeira divisão. A Espanha é outro destino cobiçado pelas atletas nacionais reunindo, na divisão principal, sete atletas, inclusive a ala Janeth Arcain. Mesmo a insuspeita República Tcheca levou vantagem e atraiu a revelação Iziane Marques. A gélida Rússia também já foi capaz de surgir como alternativa para os problemas nacionais.

Para tratar do futuro, Grego anuncia para a segunda quinzena deste mês uma reunião com as equipes femininas de basquete. 'Vamos fazer um balanço de 2005 e discutir o torneio de 2006'.


Fonte: Gazeta Esportiva


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