terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

NLB gera emprego mas não público

Alessandro Lucchetti

Campeonato cria novas vagas e ganha elogios, mas patina por falta de torcida

Jundiaí - Quinta-feira à noite, Jundiaí. O ginásio Bolão recebe mais uma partida do time da cidade, o Tahitian Noni, pela NLB, contra o Maringá. O time comandado pelo técnico Marcel freqüenta as últimas posições da classificação geral. O público é tão pequeno que os pipoqueiros da cidade avaliam que não há economia de escala que justifique o deslocamento do carrinho até o Bolão. A reportagem do DIÁRIO contou 95 pessoas nas arquibancadas quando a partida começou.

O jogo não é ruim, mas também não é bom. Apenas quatro moças vibram com o jogo. Na verdade, elas estão empolgadas é com o ala/armador Bruno, que conheceram em um acampamento da Comunidade Cristã Missionária. “Eu sei que Jundiaí está na lanterna e Maringá está em quarto. E que o nº 10 deles é lindo!”, brinca Taís Cristina da Silva, ex-jogadora das categorias de base do Sundown Bike/Jundiaí.

Elogios

Um dos cem torcedores que acompanha a partida é Nelson Luz, o Morto. Trata-se do chefe de um clã de basqueteiros, o pai das jogadoras Helen, Silvinha e Cíntia. Morto só tem elogios à NLB. Jundiaí se organiza e vai montar um time juvenil, atendendo a uma condição imposta pela Federação Paulista para poder participar do Novo Milênio, que será classificatório para o Estadual. A criação do juvenil abre espaço para o caçula de Nelson, Rafael, ala/armador de 14 anos que dá uma força como rodoboy, nos jogos do adulto. Outra filha, Sully, joga no infanto-juvenil do COC/Jundiaí.

“Essa liga é uma boa. Ela já gerou 300 empregos para jogadores e técnicos. O basquete aqui estava esquecido, e em lugares como Guarujá também. Profissionais como o Marcel e o Maury (irmão de Marcel, auxiliar-técnico), por exemplo, estão recebendo uma nova oportunidade”, opina Morto.

Marcel não tapa o sol com a peneira. “O nível técnico é o que temos. E o público aqui em Jundiaí só aparece quando a gente ganha. No primeiro jogo apareceu bastante gente”. Mas o treinador diz que só a NLB foi capaz de trazê-lo de volta ao basquete. Marcel está endividado e até hoje paga os salários atrasados dos atletas do São Bernardo, seu time anterior. Ele trabalha das 8h às 17h como médico da família em Jundiaí. “Estava desanimadíssimo com o basquete, porque vi que não se perde só na quadra. Estou muito contente com a NLB, porque aqui não se ganha a qualquer custo”.

Arbitragem tem lances bizarros


A NLB não conta com árbitros de São Paulo, os mais experientes, mas está dando trabalho para 40 juízes e 60 oficiais de mesa. Apenas as federações do Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Pará e Piauí cederam seus árbitros. Por esse motivo, a liga foi obrigada a criar novos quadros. Daí a ocorrência de lances bizarros. Já teve jogador que não sofreu falta cobrando lance livre. Houve também um lance livre que valeu dois pontos porque um jogador de ataque balançou a redinha. Nada que abale a confiança. “Não se pode dizer que um caso como esses empane o brilho de todo o trabalho”, defende o coordenador de arbitragem da NLB, Emídio Marques de Mesquita que, antes de se tornar árbitro de futebol e instrutor da FIFA, foi árbitro internacional de basquete.

Declarações entusiasmadas à parte, o fato é que aqui e ali se manifesta um certo temor a respeito do futuro da liga, que até agora só conseguiu o patrocínio de uma marca de bolas. “A gente não sabe o que está acontecendo. A liga dá poucas informações. Mas acredito nessa idéia. Daqui a um ou dois anos vamos estar de igual para igual com a CBB. A NLB abriu espaço para Maringá, que tem um trabalho de quatro anos e não conseguia jogar o Nacional”, afirma o ala Jamison, que rodou por quase todos os clubes do Rio. “A gente precisa ter paciência e apostar que as coisas vão melhorar”.


Fonte: Diário de São Paulo

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