terça-feira, 21 de março de 2006

Paulo Bassul será supervisor técnico na Itália

Marcelo Cazavia

Americana (SP) - Paulo Bassul embarca nesta quarta-feira para Itália, onde assumirá o cargo de supervisor da equipe Chieti, da cidade mesmo nome. Será a primeira experiência internacional do treinador de 38 anos, campeão Nacional em 2003 e vice em 2002 e 2004. Paulo assinou um contrato de quatro meses com os italianos, período em que irá organizar o trabalho de base da equipe. Depois disso, o brasileiro deve obter a licença da Federação Italiana de Basquete para assumir o cargo de técnico.
“Mas não há garantia nenhuma de que eu vá ser treinador do Chieti ou de outro time italiano”, esclarece. “Depois de quatro meses, eu terei minha carteira, terei a possibilidade de trabalhar como técnico, mas aí vai depender de propostas. É coisa para segundo plano. Esse primeiro momento será de um conhecimento mútuo, para eu ver se me adapto e para eles verem se gostam do meu trabalho. Eles querem me escutar, conversar bastante comigo durante esse período”, completa Paulo.

O treinador acredita que esses quatro meses serão muito importantes para peguar fluência no idioma italiano, fazer contatos com dirigentes e trocar conhecimentos. “O basquete brasileiro, no feminino, está internacionalmente bem melhor situado que o italiano. Então, vou tentar organizar a base de lá, dizer como a gente faz aqui, qual a nossa filosofia, sugerir algumas melhorias na organização. É uma função temporária, mas não deixa de ser um desafio”, explica. “Também poderei acompanhar de perto o trabalho que é feito lá no masculino, que é muito forte, de altíssimo nível. É muito importante ver uma escola diferente”, acrescenta.

Paulo conta que o convite para atuar na Itália partiu do presidente da Liga Italiana de Basquete, Mario Di Marco, que também é dirigente do Chieri. A aproximação dos dois aconteceu por meio da pivô Kelly, da seleção brasileira, que atou na equipe italiana e trabalhou com ele na Ponte Preta: “Quando terminou a equipe da Unimed/Amaericana no ano passado, percebi que não haveria tempo para me encaixar em nenhuma outra equipe a tempo de disputar o Campeonato Paulista. Aí decidi fazer umas viagens para reciclar. Fiquei três semanas nos Estados Unidos, três na Espanha e três na Itália, para ver coisa diferente. Foi quando a Kelly me ligou dizendo que falou de mim para o Mario e ele gostaria de me conhecer”.

“Quando nos encontramos em Chieri, ele ficou impressionado com o meu currículo e me convidou para trabalhar na equipe. Vamos fazer uma aproximação e conversar lá mais detalhadamente o que eles esperam de mim. O que ele gostou, eu acho, é que eu tenho um currículo bem abrangente, com bons resultados trabalhando tanto em formação quanto em alto nível”, explicou o treinador, vice-campeão mundial sub-21 com a seleção brasileira e que tem 15 anos de trabalho em categorias de base.

Paulo, que integrou a comissão técnica da seleção brasileira nas duas últimas Olimpíadas, nega que sua ida para a Itália seja para adquirir experiência para assumir a seleção brasileira em breve. Mas admite que não descartaria o convite. “Penso no momento, em estar motivado com desafios novos. Hoje o desafio é dar certo na Itália, tirar proveito da experiência e fazer a coisa dar certo lá. Ir para a seleção é o sonho de qualquer técnico, claro, mas não depende de mim. De mim só depende ser cada vez melhor, melhorar meu trabalho. Se um dia a confederação achar que eu estou apto para o cargo, será um imenso prazer. Sempre quero estar melhor que no ano anterior”, afirma.

O treinador disse também que a briga envolvendo a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e a Nossa Liga de Basquete (NLB) não influenciou na sua decisão de deixar o país. “Isso é coisa deles, não teve interferência na minha decisão de sair. Pensando como técnico, quanto mais competição, mais campo de trabalho, melhor. Só a iniciativa de se ter mais competições, mais gente empregada, já é válida. Mas o ideal é que se fizesse isso sem divisões e sem briga”, opina.


Fonte: Gazeta Esportiva

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