quarta-feira, 26 de abril de 2006

Após cirurgia no joelho, Kelly brilha no Santo André

Pivô comemora o retorno a Seleção Brasileira e a chance de disputar o Mundial


Por Anderson Fattori

Assim como acontece no futebol, o basquete brasileiro sofre com a debandada de seus melhores jogadores para a Europa e Estados Unidos, em busca de euros e dólares, além de fama e prestigio. No naipe feminino a situação é um pouco pior, principalmente porque o Brasil é uma das quatro maiores potencias mundiais e, assim, a valorização das atletas é evidente e as propostas irrecusáveis. Muitas vezes, as jogadoras acabam indo para equipes de segunda linha, mas que pagam salários infinitamente superiores ao pago pelos poucos clubes brasileiros.

Um desses casos não raros é a pivô Kelly, jovem revelação do Leite Moça / Sorocaba e que apareceu com destaque na época áurea do então BCN / Osasco. A jogadora passou os últimos seis do seus 26 anos de vida rodando diversos países europeus, entre eles Itália e França, além dos Estados Unidos em busca de uma sustentação financeira e uma sobrevida na modalidade. A carreira internacional ia de vento em poupa, porém, uma grave lesão no joelho esquerdo, dia 9 de abril de 2005, antecipou o retorno da jogadora ao Brasil.

Com saudade da família e ciente da lenta recuperação, Kelly solicitou ao clube italiano que defendia, uma licença para operar e se recuperar no Brasil. O pedido foi aceito e a jogadora passou oito meses no anonimato se reabilitando. A bola só voltou para suas mãos em dezembro do ano passado, quando a jogadora, amiga da técnica Lais Helena, de Santo André, pediu para treinar no clube a fim de retomar o ritmo de jogo. Claro que Lais Helena aceitou e Kelly pegou o gosto pela equipe. “Cheguei e encontrei esse grupo muito legal, fui ficando, ficando e estou aqui até agora”, disse a jogadora.

Mesmo ainda longe de sua forma ideal – a jogadora ganhou muitos quilos extras na recuperação da contusão - Kelly está contribuindo e muito com a equipe de Santo André no Campeonato Paulista. Em dois jogos, a pivô de 1m92 marcou em média 15,5 pontos e pegou 9,5 rebotes por jogo. “Estou conseguindo jogar bem nessa minha volta. Apesar da defesa marcar forte, o estilo de jogo da equipe contribuiu comigo, pois a Lais pede para mesclar jogo embaixo da cesta e fora do garrafão e isso acaba dando um respiro para as pivôs”, explica a jogadora.

Kelly sabe que é muito importante para a equipe, não só dentro de quadra, mas na experiência que está passando para as jovens jogadoras de Santo André que estão aproveitando o maior tempo possível ao lado da estrela da Seleção Brasileira. “Essa responsabilidade me motiva. Aconselho bastante as mais novas e acabo aprendendo muito com elas também. Quando cheguei aqui, ainda mancando, todas me deram força, fiz um trabalho de recuperação com a Ana Luiza (fisioterapeuta) e consegui voltar a quadra. Agora estou conseguindo retribuir essa força com a minha experiência”, ressaltou.

Na última semana, Kelly recebeu uma das maiores notícias dos últimos dias. A jogadora manteve a confiança do técnico da Seleção Brasileira, Antonio Carlos Barbosa, e foi convocada para o início da preparação visando o Campeonato Mundial, que acontece em setembro, no Brasil. Kelly sabe que vai ter que suar muito para entrar no nível do selecionado e se garantir entre as 12 atletas que estarão na última convocação entes do Mundial.

A jogadora está surpresa e ao mesmo tempo muito feliz com a oportunidade de voltar a Seleção. “Para mim é muito bom estar na Seleção Brasileira. Pelo meu momento, vindo de contusão, tenho muito que buscar ainda na equipe. Acho que hoje, a Seleção vai me dar muito mais do que eu oferecer para ela. Até o Mundial quero entrar no ritmo das demais jogadoras e buscar minha vaga”, avisou a jogadora que terá forte concorrência de pivôs brasileiras que brilham no basquete europeu.

A jogadora fica em Santo André até o final de maio, quando viaja para se apresentar a Seleção. Após isso, Kelly ainda não sabe qual será o seu futuro, porém, sabe qual é a sua vontade. “Quero muito ficar no Brasil. Fiz esse acerto com Santo André, pois a Lais conseguiu uns apoios, mas sei que a realidade é outra. Sou nova e preciso cuidar da minha vida, mas se Santo André tiver apoio, posso sim voltar da Seleção para o clube. Essa é minha vontade, mas...”, concluiu.

Contusão não ameaça presença de Vivian na Seleção

Jogadora do Limpol / São Caetano vai passar por novos exames

A distensão na parte posterior da coxa esquerda não vai ameaçar a presença da ala Vivian na seleção brasileira convocada pelo técnico Antonio Carlos Barbosa para o Campeonato Mundial de Basquete Feminino marcado para setembro, em São Paulo. Embora afastada da equipe há duas semanas, a jogadora do Limpol/São Caetano assegura que já estará totalmente recuperada até 4 de junho, data de apresentação das 21 atletas.

“Venho fazendo tratamento à base de ultrassom, laser e gelo. No início da semana passarei por novos exames para saber quando poderei retomar os treinamentos”, explicou Vivian, medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2003 e integrante da equipe que conquistou o 4º lugar nas Olimpíadas da Grécia em 2004. Vivian se machucou durante o Torneio da Praia Grande, preparatório ao Campeonato Paulista e conquistado pelo Limpol/São Caetano. “Tive uma lesão de um centímetro no quadríceps”, explicou.

Mesmo sem reunir condições de jogo, Vivian sentou no banco na vitória do Limpol/São Caetano sobre o Catanduva por 79 a 39 na última quarta-feira. Incentivou as companheiras e acompanhou atentamente as instruções do técnico Norberto Silva, o Borracha. Quando regressar, Vivian será uma das titulares, ao lado das recém-contratadas Ega, Cíntia Luz e Fernanda Beling, que deram outro peso ao time vice-campeão brasileiro da temporada 2005/2006. A armadora Fabi deve fechar o quinteto.

Do grupo chamado por Antonio Carlos Barbosa, somente 12 serão inscritas no Campeonato Mundial. Vivian prevê uma dura batalha pelas poucas vagas que considera em aberto. “Ele já deve ter mais ou menos definido os nomes de sua preferência. É provável que utilize os treinamentos e o Campeonato Sul-Americano para fazer experiências e avaliar com quem mais poderá contar. Vou fazer de tudo para garantir meu lugar”, avisa Vivian, que tem na garra e na velocidade das infiltrações as principais virtudes.


Fonte: ABC do Esporte

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