sábado, 23 de setembro de 2006

Fiba divulga novo ranking feminino

Após o encerramento do 15º Campeonato Mundial Adulto Feminino de Basquete (FIBA) a Federação Internacional de Basketball (FIBA) divulgou o novo ranking feminino. Os Estados Unidos, que ficaram com a medalha de bronze, continuam na liderança, com 1.030 pontos. A Austrália com o título mundial subiu do terceiro para o segundo lugar, com 860 pontos. A Rússia, que ganhou a medalha de prata, caiu da segunda para a terceira colocação. O Brasil manteve a quarta posição no ranking, com 556 pontos. Com o quinto lugar no Brasil, a França pulou da sétima para a quinta colocação.

RANKING FIBA – 20 PRIMEIROS COLOCADOS
1º- Estados Unidos – 1.030 pontos;
2º- Austrália – 860pts
3º- Rússia – 843pts
4º- Brasil – 556pts
5º- França – 357pts
6º- República Tcheca – 304pts
7º- Cuba – 297pts
8º- Espanha – 294pts
9º- Coréia – 284,9pts
10º- China – 251,5
11º- Canadá – 184pts
12º- Argentina – 162,4
13º- Lituânia – 159pts
14º- Polônia – 154pts
15º- Japão – 123,5pts
16º- Iugoslávia – 122pts
17º- Nova Zelândia – 112pts
18º- Senegal – 109pts
19º- Eslováquia – 98pts
20º- Grécia – 88pts

Austrália é a campeã

A Austrália é a campeã invicta do 15º Mundial Adulto Feminino de Basquete, encerrado neste sábado no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. Na disputa da medalha de ouro, as australianas ganharam da Rússia por 91 a 74 (43 a 35 no primeiro tempo) e conquistaram o título da competição pela primeira vez. A cestinha da final foi Penny Taylor, da Austrália, com 28 pontos. A ala foi escolhida a MVP do Mundial. A principal pontuadora russa foi Stepanova, com 17 pontos. A cestinha e reboteira da competição foi a australiana Lauren Jackson. A melhor nas assistências foi Sue Bird, dos Estados Unidos.

- Acredito que os dois times mais fortes do campeonato fizeram a final. Enfrentar a Rússia não foi nem um pouco mais fácil do que seria fazer a final contra os Estados Unidos. Jogamos como um time hoje, contando com a contribuição de todas, e conseguimos a medalha. O bom deste time é que, não importa o jogo, sempre entramos em quadra tentando nos divertir. Não ficamos pensando na grandeza da partida ou em fazer história, sabíamos que seria maravilhoso, mas primeiro tínhamos que fazer o nosso trabalho. Acho que hoje a defesa nos deu a vitória, a Rússia é muito forte em todas as posições. Conhecendo seus pontos fortes, trabalhamos bem a parte defensiva e conseguimos a vitória. Eu amo o Brasil, sou casada com um brasileiro e um dia espero morar aqui. As pessoas são amigáveis e nos apoiaram muito durante o campeonato (Penny Taylor, ala da Austrália)

- A Austrália é uma equipe muito forte e jogou melhor do que nós hoje. Foi um prazer jogar contra um time tão bom na final e acho que perdemos pelos nossos próprios erros. A Austrália mereceu a medalha de ouro. (Maria Stepanova, pivô da Rússia)

- Fizemos nosso melhor jogo. Fizemos história na Austrália e tenho certeza de que nossa nação está orgulhosa de nós neste momento. Não acho que sejamos invencíveis, acho que fomos invencíveis hoje. A Rússia é um time impressionante, que joga bem em todos os fundamentos. Vendo a partida delas contra os Estados Unidos aprendemos com a Rússia a derrotar a Rússia. Melhoramos a cada jogo e estou muito feliz com essa medalha de ouro. (Jan Stirling, técnica da Austrália)

- Foi uma boa final, enfrentamos o melhor time do mundo hoje. Infelizmente não fomos uma ameaça para elas, mas nossas jogadoras deram seu melhor em quadra e estou orgulhoso delas. Principalmente pelo jogo contra os Estados Unidos. Tentamos mostrar a mesma energia hoje, mas é difícil num torneio cansativo como este manter o nível de jogo. Gostaria de agradecer especialmente à torcida brasileira pelo apoio que nos deram no jogo contra os Estados Unidos e ao povo do Brasil de um modo geral. Acho que o campeonato foi de alto nível e acredito que essas equipes que terminaram em quarto lugar também estarão brigando pelas primeiras posições na Olimpíada de Pequim, em 2008. (Igor Grudin, técnico da Rússia)

- Estou muito feliz por essa conquista. Foi um sonho realizado. O basquete australiano vem trabalhando há muitos anos para chegar até aqui. A nossa equipe mostrou talento e espírito coletivo. Foi um jogo muito difícil, mas conseguimos nos impor e chegar a vitória. O título premia o trabalho de toda uma geração que luta pela evolução do basquete australiano (Lauren Jackson, pivô da Austrália)

AUSTRÁLIA (19 + 24 + 26 + 22 = 91)
Penny Taylor (28pts), Harrower (15), Snell (12), Whittle (8) e Jackson (16). Depois: Belivaqua (4), Screen (0), Randall (2), Grima (2), Summerton (4) e McLnerny (0),

RÚSSIA (15 + 20 + 20 + 19 = 74)
Rakhmatulina (8pts), Vodopyanova (7), Shchegoleva (15), Korstin (10) e Stepanova (17). Depois: Arteshina (10), Demaina (0), Abrosimova (0), Karpova (7) e Osipova (0)

COMENTÁRIO DO JOGO

A Austrália é campeã mundial invicta do Mundial 2006, com nove vitórias. Indiscutível campeã, após a vitória sobre a Rússia por 91 a 74. O triunfo australiano começou aos três minutos de jogo, quando a treinadora Jan Stirling, preocupada com a vitória parcial da Rússia (9 a 2), pediu tempo. O time voltou mais calmo, mais rápido e preciso. Uma transformação total que mostrou seus efeitos em um minuto e meio. Foi o suficiente para que as australianas fizessem oito pontos, com uma cesta de três de Harrower, outra de Whittle e mais dois pontos de Belina Snell. A Austrália chegava a 10 a 9 e Lauren Jackson, muito bem marcada, ainda não havia pontuado. Isso só aconteceu quando faltavam 50 segundos para o término do primeiro quarto, mas sua eficiência era bem suprida pela ótima partida de Penny Taylor, que acertou um arremesso de três pontos. Maria Stepanova começou a jogar bem. Bloqueou uma bola, fez quatro pontos, mas a reação russa foi parada por uma nova cesta de três, agora de Belinda Snell. Para o segundo período, Jan Stirling deixou Jackson e Snell no banco, substituídas por Screen e Grima. E logo no início, Grima acertou um arremesso de dois pontos. E Taylor fez o seu segundo de três. A vantagem já era de nove e chegou a 16 (36 a 20) aos quatro minutos. As russas, que tiveram um bom aproveitamento nos arremessos de três pontos contra os Estados Unidos acertavam pouco na final. E buscaram as infiltrações para buscar uma reação. Stepanova e Shchegoleva fizeram seis pontos cada uma, o time marcou melhor e diminuiu a diferença para oito (A Rússia voltou animada para o terceiro quarto. Com mais disposição, continuou equibrando o jogo até a sua metade. Então, Taylor recuperou duas bolas na defesa, foi ao ataque e marcou cinco pontos. Aos oito minutos, a contagem chegou a 20 pontos de diferença (62 a 42). Schchegoleva, que havia perdido uma das bolas para Taylor, recuperou-se, fez duas cestas, a Rússia voltou a equilibrar o jogo e perdeu o terceiro quarto por 26 a 20. O período final começou com 69 a 55 para a Austrália. E o que se viu foi uma repetição dos três quartos anteriores. A Rússia se esforçava, equilibrava a partida, diminuía a vantagem, mas nunca chegava a ameaçar a vitória das campeãs. E quem impedia as russas de se aproximarem era sempre Penny Taylor. Aos dois minutos de jogo, o placar era de 70 a 60. E ela faz seis pontos seguidos. Aos quatro minutos, mais uma cesta de de Penny Taylor e o jogo chega a 83 a 63, novamente 20 pontos de diferença. Final de jogo, Harrower bate bola e as russas se retiram. O juiz encerra a partida, ela deixa a bola e se abraça a Jackson e Taylor. Começa a festa no ginásio do Ibirapuera. Aplausos da torcida brasileira para a campeã Austrália.


Estados Unidos garantem a medalha de bronze no Mundial

Mesmo com toda a torcida lotando o ginásio do Ibirapuera (9.800 pessoas), o Brasil foi derrotado pelos Estados Unidos por 99 a 59 (49 a 34 no primeiro tempo) e terminou com a quarta colocação no 15º Campeonato Mundial Feminino de Basquete. Com a vitória, a seleção americana, apontada como favorita ao título da competição, conquistou a medalha de bronze. As cestinhas da partida foram Taurasi, dos EUA, com 28 pontos, e Janeth, do Brasil, com 16 pontos.

— Individualmente, acho que foi uma das minhas melhores performances pela seleção americana. Foi uma ótima manhã para mim, mas o mais importante é que foi um bom dia para todo o time. Foi difícil absorver a derrota para a Rússia e sabíamos que ia ser muito duro enfrentar uma equipe maravilhosa como a do Brasil. Tínhamos muito para provar depois da derrota na semifinal, perdemos um pouco do orgulho naquele jogo e tínhamos que recuperar hoje. No vestiário vi que todas estavam prontas para isso e nossa técnica nos preparou muito bem para a partida. É claro que estamos decepcionadas por não estarmos na final, mas tudo acontece por um motivo. (Diana Taurasi, ala/armadora dos EUA)

— Os Estados Unidos fizeram um jogo perfeito. Nosso técnico disse que no Mundial qualquer time poderia fazer um grande jogo e um jogo ruim. Os Estados Unidos fizeram o jogo ruim contra a Rússia e o melhor contra o Brasil. Lutamos com tudo o que podíamos, mas não conseguimos. E elas mereceram a medalha. Este é meu quinto e último Mundial adulto (também tem um juvenil), e dependendo das minhas negociações com a WNBA pode ter sido minha última partida pela seleção. Quero disputar mais uma temporada nos Estados Unidos e se a equipe com a qual eu fechar me liberar, gostaria de disputar os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Mas se isso não acontecer, já que o período do Pan coincide com a WNBA, este foi meu último jogo com a camisa do Brasil. Acho que a derrota para os Estados Unidos não mancha o que pode ter sido a minha despedida. Acho que tudo o que fiz e continuo fazendo pelo basquete, com meu projeto que incentiva as crianças a jogarem, é mais importante do que uma partida. (Janeth, ala do Brasil)

— Após a derrota para a Rússia, sabíamos que precisávamos voltar com tudo. O time do Brasil estava pronto para nos enfrentar, a torcida estava pronta. Tínhamos consciência de que a parte mental seria muito importante, pois enfrentaríamos um clima hostil no ginásio. O Brasil jogou bem, apesar do placar. Tivemos que mostrar nosso melhor jogo e estávamos num bom dia. Foi uma partida bem diferente do confronto com a Rússia. Temos todo um retrospecto para manter, mas precisamos lembrar que as coisas mudaram muito nos últimos anos, os times são muito mais competitivos hoje em dia. Eles partem para cima, e a maneira como nós respondemos a isso é que determina o que vai acontecer. Fico triste de ouvir que Janeth está se preparando para a aposentadoria. Como rival fico muito feliz (risos), mas acredito que ela ainda tem jogo para muito tempo na WNBA. Gostaria de vê-la jogar mais tempo. (Anne Donovan, técnica dos Estados Unidos)

— Os Estados Unidos queriam provar que a derrota para a Rússia foi algo anormal, e fizeram isso com uma grande partida. Foi um jogo perfeito, pela média da Diana Taurasi você vê que foi uma partida extraordinária. Enfrentando uma equipe que já é forte, tem uma boa rotatividade de jogadoras, pivôs altas, que saltam bem, e jogando com um grande aproveitamento, viramos uma presa fácil. Perder uma jogadora como a Alessandra foi muito ruim, pois ficamos com a possibilidade de troca comprometida na posição. Era uma jogadora que poderia ajudar muito nos rebotes. Desde que reassumi a seleção brasileira, em 1996, não lembro de termos perdido de um placar tão elástico num jogo oficial, perder por mais de 15 pontos de diferença não é um hábito para nós. É claro que surpreende, mas foi a performance delas que levou a esse placar. Mas acho que diante das condições ainda continuarmos entre os quatro melhores do mundo e isso é muito positivo. (Antônio Barbosa, técnico do Brasil)

BRASIL (21 + 13 + 11 + 14 = 59)
Helen (5pts), Iziane (13), Janeth (16), Ega (7) e Érika (6). Depois: Adrianinha (3), Micaela (2), Cintia (1) e Kelly (6).

ESTADOS UNIDOS (31 + 18 + 34 + 16 = 99)
Sue Bird (2pts), Taurasi (28), Milton-Jones (8), Catchings (11) e Thompson (15). Depois: Beard (8), Augustus (2), Swoopes (2), Snow (2), Ford (5), Smith (6) e Parker (10)

COMENTÁRIO DO JOGO

Os Estados Unidos se recuperaram plenamente da derrota contra a Rússia na semifinal e garantiram a medalha de bronze no Campeonato Mundial 2006 com uma vitória tão impressionante quanto inquestionável. A vitória por 99 a 59, 40 pontos de diferença, é um reflexo do que se viu na quadra. Nos primeiros 30 segundos de jogo, Taurasi fez uma cesta de três pontos e Iziane repetiu em seguida. Um equilíbrio que não se manteria. Até o final do jogo, as duas jogadoras arriscariam mais seis vezes os arremessos de três pontos. Iziane errou todos. Taurasi acertou cinco. Todos no terceiro quarto, quando a diferença foi a maior na partida. Não é a única explicação pela vitória. Os Estados Unidos foram melhor em tudo. Um time mais forte, mais rápido, mais preciso e com uma enorme vontade de mostrar que uma equipe com tanta qualidade não poderia voltar para casa sem um lugar no pódio. Foi muito para o Brasil. Com sete minutos de jogo, os Estados Unidos tinham um aproveitamento de 83,3%, com cinco acertos em seis tentativas. O Brasil reagia com uma cesta de Helen, também de três pontos, mas o volume de jogo americano era muito maior. O quarto terminou com 31 a 21 para os Estados Unidos. No segundo período, o Brasil voltou com Adrianinha no lugar de Helen e Micaela no de Janeth. Os Estados Unidos não converteram arremessos de três pontos e Adrianinha fez um. O Brasil lutou muito, melhorou a marcação e conseguiu fazer um jogo mais difícil contra as rivais. A derrota foi por 18 a 13, o que levou o placar a 49 a 34 na metade do jogo. A partida estava praticamente definida. Para mudar a sorte anunciada, o Brasil teria de surpreender. E muito. Mas quem surpreendeu com uma atuação perfeita foi Taurasi. Ela acertou quatro arremessos de três pontos em cinco minutos, destruindo qualquer sonho da torcida brasileira. E os Estados Unidos não são apenas uma jogadora. Tina Thomson também fazia uma grande partida. E um time constante assim, pode revezar jogadoras em quadra. Taurasi atuou apenas 16 minutos e 23 segundos, por exemplo. Com maior revezamento, as jogadoras ficam mais descansadas e rendem mais. E o Brasil sofria com a ausência de Alessandra, sua melhor pivô, contundida. O reflexo se via nos rebotes. Foram 37 das americanas contra 23 das brasileiras. E, na saída do jogo, 28 acertos em 50 tentativas nos arremessos de dois pontos. O Brasil acertou 18 das 39 tentativas. Enfim, há várias formas de se explicar a vitória, tamanha a superioridade do ganhador da medalha de bronze. Talvez a mais importante delas seja a vontade de mostrar que, apesar de não estarem na final, ainda são a referência do basquete mundial.


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