segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Alessandra diz que falta clareza no uso do dinheiro

Pivô afirma que a CBB não explica como utiliza os R$ 8 milhões do patrocínio, nem a verba da Lei Piva


Heleni Felippe

A pivô Alessandra acha que “falta clareza” sobre a aplicação dos recursos da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) nas seleções. “As jogadoras, ao menos, não sabem como é gasto o dinheiro”, observa. Alessandra acha que o pagamento de “R$ 10 mil por mês, descontados 27% de imposto na fonte para servir a seleção é muito pouco” e também que as atletas deveriam ser cobertas por um seguro de trabalho. Se não trata bem os clubes, a CBB também trata mal suas seleções, embora tenha patrocínio exclusivo para elas. O descontentamento de jogadoras como Alessandra e Janeth, campeãs mundiais e vice-olímpicas, ganharam o noticiário.

A CBB tem R$ 8 milhões (R$ 4 milhões para cada seleção), por ano, provenientes do patrocínio da Eletrobrás. E mais R$ 1,9 milhão (previsão para 2006) vindos da Lei Piva, através do Comitê Olímpico Brasileiro (recurso das loterias). “São R$ 8 milhões para promover o basquete? Onde está a promoção?”, questiona Alessandra.

A pivô ainda está com o braço esquerdo numa tipóia, esperando para saber dos médicos - o seu, particular, e o indicado pela CBB - se o seu caso é cirúrgico. Machucou o braço na véspera da final do Mundial, em setembro, e acha que, além de seguro saúde, a confederação deveria ter feito para as jogadoras um seguro de trabalho. Alega que chegou a sugerir, numa reunião com os dirigentes. “O Loyds, de Londres, faz esse tipo de seguro, inclusive com jogadores de futebol”, informou. Alessandra, que já se despediu da seleção, considera que a confederação deveria cobrir seus prejuízos pessoais por causa da lesão. “Só num dia gastei R$ 100 de táxi porque não posso dirigir. Já perdi três propostas da Europa. Estou pagando do meu bolso”, ressaltou.

A lateral Janeth, que também tem o título mundial e a prata olímpica, confirmou que a CBB pagou às jogadoras, na semana passada, a ajuda de custo referente a um mês de trabalho que estava atrasada - “uns 7 mil e pouco”, o líquido dos R$ 10 mil devidos, descontado o imposto de renda na fonte. A última parcela deverá ser paga até o fim de novembro.

Janeth, Alessandra e o próprio técnico Antônio Carlos Barbosa confirmam que os recursos usados para o pagamento de jogadoras e integrantes da Comissão Técnica vêm da Lei Piva. “Recebemos agora, recentemente. A ajuda de custo é referente a quatro meses de trabalho (junho, julho, agosto e setembro)”, diz Barbosa. Confirma que no contrato que assinaram com a CBB está discriminado que a verba vem da Lei Piva.

A CBB disse que a aplicação do dinheiro está relacionada “ao calendário de eventos nacionais e internacionais”, mas não especificou quanto gastou com as seleções. O presidente Gerasime Grego Bozikis não quis comentar o assunto. Apenas enviou uma relação dos eventos programados para 2007 para dizer em que setores vai gastar o dinheiro. As principais competições serão os Jogos Pan-Americanos, no Rio, e os Pré-Olímpicos (continentais ou mundiais, caso o Brasil não consiga vaga nos torneios regionais) para as seleções principais. Para as equipes de categorias de base, os Mundiais Juvenil e Sub-21, no feminino, e o Mundial Juvenil, no masculino.


Fonte: Estadão

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