sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Jogadoras defendem fim da era Barbosa

Maioria das atletas, entre elas Janeth, pede mudanças no comando da seleção para o Pan e o Pré-Olímpico


Heleni Felippe

A maioria das jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete quarta colocada no Mundial de São Paulo, em setembro, acha que a comissão técnica, comandada pelo técnico Antônio Carlos Barbosa, deveria ser modificada para tocar o trabalho do ano que vem - as competições mais importantes serão os Jogos Pan-Americanos do Rio e o Pré-Olímpico. Cabe às atletas que estão se desligando do grupo um posicionamento mais claro. 'A maioria acha que deve mudar. A mudança tende a estimular as atletas pelo trabalho novo, por briga por posição...', afirma Janeth.

A pivô Alessandra confirma. 'Está na hora de dar uma renovada. Não queremos problema com a pessoa Barbosa, não é o caso, mas o basquete brasileiro está jogando do mesmo jeito há muito tempo.'

Assim que terminou o Mundial Masculino de Basquete do Japão - e o Brasil ficou em 17º lugar -, o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Gerasime Grego Bozikis, confirmou a continuidade do técnico Lula Ferreira no comando da equipe. Mas não procedeu da mesma forma com Barbosa e o grupo feminino, talvez temendo a repetição das críticas que recebeu ao confirmar Lula, após a pior campanha da história. Ontem, por meio de sua assessoria, disse que 'no momento oportuno reunirá a comissão para traçar o programa de 2007', o que pode ser uma indicação de continuidade.

O dirigente temeria fazer mudanças agora em função do calendário próximo de 2007. 'Isso seria uma desculpa', acentua Janeth, repetindo Alessandra, de que não se trata de avaliar a pessoa de Barbosa e sim o trabalho. 'Se for chamado, ninguém se recusa a aceitar convocação para a seleção', ressalta Janeth. Observa, porém, que os resultados também são de responsabilidade da CBB e da comissão técnica, tanto quanto das atletas.

Barbosa tem como auxiliares Norberto da Silva, o Borracha, Luiz Cláudio Tarallo e César Guidetti e o preparador físico João Nunes.


Técnico acha que continua

Antônio Carlos Barbosa, que está no comando da seleção desde 1996 (já havia treinado o grupo entre 1976 e 1984), considera o trabalho de sua Comissão Técnica excelente em termos de resultado. E acha que, se depender do quarto lugar do Mundial, não deve haver mudanças. 'Em alguns países, o quarto lugar é, inclusive, premiado. Aqui, é criticado', afirmou Barbosa, dizendo que continua o trabalho com as seleções. 'Tenho ido a Jundiaí para acompanhar o Tarallo (Luiz Cláudio) com a seleção cadete que vai ao Sul-Americano.'

O técnico Paulo Bassul, que era auxiliar de Barbosa na seleção feminina, pediu desligamento do grupo após a Olimpíada de Atenas (2004). Tinha expectativa de assumir a seleção agora, após o Mundial de São Paulo. Quando o assunto veio à tona, as relações entre Barbosa e Bassul azedaram. Barbosa não gostaria de dividir o comando. 'Ele disse que não queria continuar, quando voltamos de Atenas. Não havia nada combinado que ele assumiria o time, embora talvez isso acontecesse numa transição natural', disse Barbosa.

Definiu como normal que os dirigentes avaliem os resultados após cada temporada. Mas entende que seria bom que houvesse uma decisão rápida. 'No ano que vem, além do Pan e do Pré-Olímpico, temos os Mundiais sub-19 e sub-21.'


Fonte: O Estado de São Paulo


Hortência e Paula defendem mudanças

Paula e Hortência, a dupla que brilhou por 20 anos no basquete brasileiro, ajudando a seleção a chegar ao título mundial, em 1994, e ao vice olímpico, em 1996, acham que uma renovação na Comissão Técnica da seleção feminina seria positiva. O basquete pode iniciar a renovação, a partir da saída de jogadoras como Janeth e Alessandra. Ambas admitem que a maioria das atletas que disputaram o Mundial de São Paulo, em setembro, se estimulariam com a saída do técnico Antônio Carlos Barbosa.

"Acho que a renovação sempre é boa. O Barbosa foi o meu primeiro técnico. Eu sei que é um cargo de confiança da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), mas ele poderia ser diretor técnico e um novo talento ter oportunidade. E se as jogadoras que estavam lá agora acham... A Janeth não fala bobagem", afirma Hortência.

Para Paula a renovação, que será de jogadoras, pode começar pela Comissão Técnica. "Para as jogadoras, a mudança de técnico provoca motivação", afirma Paula. Discorda que a mudança agora, a oito meses do Pan, poderia atrapalhar. "A CBB nunca trabalha com planejamento do ciclo olímpico, trabalha no imediatismo, vai reunir a seleção a dois meses do Pan... Então, não faz diferença".

Crítica - Paula aponta o principal problema no atual comando: a falta de divisão de tarefas. "Barbosa não consegue trabalhar coletivamente. Só ele enxerga o jogo. O Borracha (Norberto da Silva) fica de enfeite". Entende que Paulo Bassul, que comandou a seleção vice-campeã mundial sub-21, em 2003, poderia assumir o comando da seleção.

A técnica Maria Helena Cardoso acha que seus comentários poderiam ser mal interpretados. "Ficam achando que você quer o lugar de quem está lá." E também porque Paulo Bassul, que poderia substituir Barbosa, é seu pupilo. "Acho que as atletas deveriam se posicionar como grupo." Lamenta apenas que o basquete brasileiro, que tem uma história, uma filosofia própria de jogo, esteja perdendo isso.

Fonte: Jornal de Jundiaí




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