sábado, 30 de maio de 2009

ENTREVISTA: Ruth Roberta de Souza

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Nascida em Três Lagoas, cidade de cerca de cem mil habitantes no Estado de Mato Grosso do Sul, a pivô Ruth Roberta iniciou a praticar o basquete em sua cidade natal. Observada em um jogo pelo irmão da técnica Maria Helena Cardoso, a pivô teve a sua grande chance. Trazida para Piracicaba (SP), aos 16 anos, foi insistentemente lapidada pela treinadora, que a acompanhou na maior parte da carreira, nos clubes e na seleção. Dona de um físico privilegiado (1,87m e uma força incomum entre suas companheiras), Ruth logo se tornou referência na posição. Presente na conquista do Pan de Havana (91), seguiu na seleção na Olimpíada de Barcelona (92) e teve seu grande momento em 1994, liderando um grupo de novatas na conquista do ouro no Mundial da Austrália. Ao deixar as quadras, Ruth fez o caminho de volta para Três Lagoas. Hoje, aos 40 anos, divide-se entre a faculdade de Educação Física e o trabalho na Secretaria do Esporte local. De lá, a saudosa pivô respondeu essa entrevista por e-mail ao blog e falou da esperança no futuro do basquete, da gratidão pela técnica Maria Helena (sua inspiração para um ousado sonho) e revelou a ocorrência de uma reunião secreta no quarto das pivôs no Mundial-1994.

(1) Ruth, assim que você encerrou sua carreira como jogadora de basquete, você acabou retornando para sua terra natal: Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Como está sua vida fora das quadras? Há algum tempo li sobre sua participação em um projeto de iniciação esportiva em uma usina local. Você segue nele?

image116b Assim que parei de jogar, voltei para Três Lagoas. Minha vida mudou muito desde então. Inicialmente me envolvi nesse projeto, mas já me desliguei dele. Não era exatamente o que eu queria. Hoje estou trabalhando na Secretaria do Esporte daqui e estou terminando a faculdade de Educação Física.

(2) Aliás, consta que foi jogando por sua cidade, que você foi observada pela Maria Helena Cardoso, que a trouxe para Piracicaba, em 1984. Foi isso mesmo? Me fale dessa parceria com a Maria Helena, que foi a técnica que te acompanhou na maior parte da carreira.

É verdade, eu jogava na minha escola em Três Lagoas e um irmão da Maria Helena me viu jogando. Ele conversou comigo sobre ela, e um tempo depois ela me trouxe.

Falar da Maria Helena é muito fácil para mim. Ela me ensinou tudo o que eu sei hoje. Me ensinou a ser o que sou. Tudo que sou hoje, devo a ela,  que teve muita paciência comigo.

(3) Dentro dos clubes, qual é o título que você guarda com maior carinho? Por quê?

EQUIPE BCN  O meu primeiro Campeonato Paulista. Foi depois dele que tudo começou. Foi a alavanca pra que minha carreira decolasse.

(4) No próximo mês completam-se 15 anos da conquista do Mundial da Austrália. Você era a pivô mais experiente no grupo, com 26 anos. [Dalila, 24, Simone Pontello, 23, Alessandra, 20, Leila, 19 e Cíntia, 18 eram as demais]. Foi estranho estar lá, no início dos treinamentos sem Vânia Hernandes e Marta, que te acompanhavam antes?

Realmente, sabia que não seria fácil, porque eu jogava com a Marta e a Vânia há muitos anos. Mas eu já conhecia as outras jogadoras todas, com exceção da Dalila, a única com quem eu ainda não havia jogado.

Era um grupo de muita qualidade e acabei não tendo dificulade na adaptação e me sentindo mais a vontade para jogar.OgAAAD8oxenv9vWQxQknWivXwPsdDM7X53hrUMI9EahkC0VMUf96Om7z9hvWiWNgknh_9Olc8p4iNyW5ruDBYlyE5pIAm1T1UH5rxeFHLAeTco84q4mWsA1iYdu1

(5) Qual a lembrança mais nítida na sua memória do Campeonato Mundial? Poderia nos contar alguma coisa dos bastidores dos jogos finais ?

Uma coisa que me marcou muito no Mundial foi uma reunião que fizemos somente entre nós, as pivôs. Nos encontramos no quarto da Alessandra e da Cíntia e fizemos um pacto de jogarmos como nunca, para acabar com aquela história de que “no Brasil não tinha pivô”.

Acho que só quem participou dessa reunião sabe disso. Não contamos para ninguém. E deu certo, pois o resultado todo mundo conhece.

(6) Lembro de ter te visto acompanhando o Mundial 2006, em São Paulo. Como foi rever suas ex-companheiras e acompanhar a competição. O que você acha que mais mudou na sua posição (pivô) nesses anos?

OgAAANS2gIww5uszmUe9RGSutpsgXRtd7J5eju2jPSQD3zMlSGrU2NkB0dedgLtcNCrcgDTX04JdhaSfRcq0HgaNhiEAm1T1ULWktIHYDVZuEqhDR6ObtMt8Tm4K Para mim, foi maravilhoso acompanhar o Mundial. Já fazia muito tempo que não via minhas amigas. Foi muito bom poder revê-las.

O basquete mudou muito nesse período. As  pivôs têm mais liberdade para jogar. Hoje todo pivô 4 abre pra chutar de três. Com isso, perdeu muito aquele jogo forte característico, dentro do garrafão.

(7) Como você analisa as recentes mudanças no comando da CBB, com duas de suas antigas companheiras participando ativamente: a Hortência, como diretora do basquete feminino e a Janeth, como assistente técnica da seleção adulta?

Eu creio que agora o basquete vai ocupar o espaço que merece,  pois estou vendo de volta ao esporte pessoas que gostam e que vão trabalhar por ele, e não contra.

A Hortência é uma guerreira. Sempre lutou muito pelo basquete e tenho certeza que vai continuar a trabalhar pra por ele.

Tenho certeza que se a Janeth tiver espaço para trabalhar, ela pode ensinar muitas coisas boas para essa nova geração.

O basquete feminino está em boas mãos.HORTÊNCIA 07

(8) Bate-bola, para encerrar:

Uma cidade: a minha Três Lagoas

A bola que eu chutei e caiu: uma bandeja que fiz na final do Mundial de Clubes, em São Paulo no Ginásio do Parque São Jorge (1991). Roubei a bola no fundo bola da Charlotte Lewis (jogadora da Minercal) e fiz a bandeja que ganhamos o titulo.

A bola que eu chutei e não caiu: um lance-livre contra a Austrália, no Pré-Olímpico de Vigo, Espanha, 1992.  Perdíamos  de um ponto e eu cobraria dois lances. Acertei o primeiro, mas errei o segundo e fomos para a prorrogação. JANETE 02

Uma técnica: Maria Helena Cardoso, sem dúvida.

Uma jogadora: decisão difícil – a Paula.

Uma quadra: a do Ginásio do Ibirapuera.

Uma estrangeira: a Lisa Leslie.

A melhor jogadora que eu vi jogar: a Hortência.

Um ídolo: a Maria Helena.

Uma música: “Amor de Carnaval” de Bruno & Marrone.

Um filme: Sleepers – A Vingança Adormecida.

Uma comida: churrasco.

Um arrependimento: não tenho. Tudo que faço, faço com muita certeza.

Um sonho: ser técnica da seleção brasileira de basquete.

11 comentários:

Anônimo disse...

A Rute foi sem dúvida fundamental na conquista do mundial e em outras participações da seleção brasileira. Parabens Bert, ais uma vez você acertou e nos presenteou com esta matéria de mais uma grande atleta da geração de outro.
Eu apenas fiquei confuso em relação a declaração da Rute quanto a bola que eu chutei e caiu. O campeão do primeiro mundial de clubes foi o time de Sorocaba, Consteca-Sedox e as pivôs da equipe eram a Marta e a Vania Hernandez, a Charlote não participou deste campeonato mundial. Ou eu estou enganado? Me ajuda Bert.

Bert disse...

Pois é.

Eu também tive essa mesma impressão que você, Anônimo.

Acho que a final teria sido Sorocaba x Piracicaba, não foi?

Anônimo disse...

A final deste torneio foi entre Sorocaba e Piracacaba. Karina, Rute, Paula, Adriane e Nadia X Hortencia, Vania Hernandez, Janete, Marta e Adriana. A equipe de Sorocaba, venceu de 1 ponto com atuações primordiais da Hotencia e Vania Hernandez. A Charlote não jogava em Sorocaba. Eu estava lá.
Fracisco Neves Archotti
Mogi das Cruzes

Anônimo disse...

será que teria alguma chance de colocar esse jogos no youtub???

chef Ricardo Siginore disse...

Bert,parabéns pela entrevista!!!!! já que voce esta fazendo entrevistas com diversas jogadoras bem que voce poderia fazer uma com a Nádia Bento, a nossa implacável marcadora.
Abraços

Bert disse...

Oi, Ricardo!

Valeu!

Realmente tenho planos de um papo com a Nádia.

Vamos ver se consigo!

Abraço!

Basqueteiro... disse...

Que delícia essa entrevista com a Ruth!

Muito legal saber dessa "reunião das pivôs". Realmente, isso nunca foi comentado.

E elas jogaram como nunca mesmo, sobretudo contra as americanas.

Que saudades daquela turma.

Anônimo disse...

A Ruth, só fala da Maria Helena e Heleninha. È fácil pegar as melhores jogadoras de cada time e montar uma equipe. Foi assim, sempre, as equipes das senhoras...

SUPER FÃ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Acredito que a Maria Helena e Heleninha forma muito injustiçadas, muito do que o baskete conquistou se deve ao esforço delas, toda esta batalha em busca de jogadoras de alta estatura e habilidosas, para o garrafão é uma prova disto.

Anônimo disse...

Sou um Ex aluno dela daqui de Três Lagoas, Ruth eh uma Excelente treinadora espero muito q ela consiga seu sonho o/ torcendo pra vocês Ruth... pena q não andor treinando mais :(