terça-feira, 16 de agosto de 2011

Técnicos brasileiros miram direções opostas na Universíade (LANCENET)

Paulo Roberto Conde
Enviado especial a Shenzhen (CHN)

Técnicos das Seleções Brasileiras masculina e feminina de basquete, Walter Roese e Janeth Arcain encaram a Universíade de Shenzhen (CHN) de maneiras distintas. Há mais de 20 anos baseado nos Estados Unidos e com cidadania do país e com emprego na Universidade do Havaí, Roese tem como meta alcançar as semifinais do torneio.

A campeã mundial e vice olímpica Janeth, por sua vez, tem um desafio maior. Primeiro, tenta conduzir o time brazuca a uma campanha melhor do que a obtida em Belgrafo-2009: último lugar.

E ela faz sua estreia à frente de uma equipe nacional adulta - coordena as equipes sub-15 e sub-16. Além disso, a Universiade chinesa lhe serve como um primeiro teste para o que deseja sua ex-companheira e atualmente diretora da Seleção feminina Hortência Marcari: que ela seja técnica do país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

- Vislumbro (ser técnica em 2016), sim, mas o que tenho em mente agora é a classificação do time feminino para a Olimpíada de Londres - disse Janeth, que também é funcionária da Confederação Brasileira (CBB) e assistente da Seleção principal, comandada por Ênio Vecchi.

A vaga olímpica será disputada no Pré-Olímpico da Colômbia.

Se Janeth permanece envolvida com a CBB, Roese vai na via oposta. Ex-jogador e oriundo de uma família gaúcha de esportistas, ele construiu currículo como técnico e gerente no basquete universitário americano. Mas, embora não tenha vínculo com a entidade máxima do basquete nacional, diz estar sempre pronto a ajudar.

- Nunca recusei nenhuma Seleção Brasileira. Quando me pedem, eu venho - afirmou.

Assim foi na Copa América Sub-18 do ano passado. Após um "acerto verbal" com a CBB, Roese foi chamado e comandou o Brasil, à época com os promissores Raulzinho e Lucas Bebê (que está na Universíade), ao vice-campeonato.

Hoje em dia, a maior ligação de Roese com o Brasil vem com os filhos, Leonardo e Ágatha, nascidos nos Estados Unidos. Ambos vieram ao país natal do pai para jogar basquete e vôlei, respectivamente.

- Os dois nasceram fora, mas adoram o Brasil e a comida. Não quero que eles percam o laço - observou.  Com técnicos diferentes, mas com sentimentos tão iguais perante o país, as Seleções começam a brigar por medalha no sábado - o masculino encara a Romênia; o femino joga no domingo.

Bate-bola 

Janeth Arcain

Técnica da Seleção Brasileira feminina na Universíade 

1) Você disputou quatro Olimpíadas (1992, 1996, 2000 e 2004) e, pela primeira vez, dirige a Seleção em um megaevento. Como tem se sentido, agora como técnica?

Voltar a um ambiente olímpico é muito bom. Como jogadora, não tinha preocupação e recebia tudo pronto. Agora, como treinadora, é muito mais preocupante, há muito mais responsabilidade. Mas não reclamo, é legal. 

2) O que você tem feito para se aperfeiçoar como técnica?

Fiz alguns cursos a distância. Eu queria ter feito um presencial, na Espanha, mas não tive tempo, e aí fiz a distância. Eu, Demétrius Ferraciu, Ênio Vecchi e o Rubén Magnano participamos. 

3) A Hortência manifestou inúmeras vezes o desejo de ver você como técnica da Seleção adulta. Não joga muita pressão?

Não joga, não. Desde antes de parar a Hortência me perguntava o que faria depois da aposentadoria e eu sempre disse que queria ser técnica.

Janeth 'estreia' no adulto com lavada

A Universíade-2011 marca o primeiro trabalho de Janeth Arcain como técnica de uma Seleção Brasileira adulta. E o primeiro jogo foi contra a maior potência do esporte. Não deu para fazer frente. Os Estados Unidos vencer o Brasil por 79 a 47, em amistoso realizado ontem.  A equipe nacional é formada por jogadoras que disputam a liga nacional por times como Jundiaí e Ourinhos. Um dos reforços que o grupo recebeu foi da Tássia Pereira, recém-chegada da campanha que culminou na conquista da medalha de bronze no Mundial Sub-19 do Chile, neste mês.

Masculino joga favoritismo para potências

Segundo Walter Roese, o Brasil não terá nenhuma moleza no basquete masculino em Shenzhen. Ele apontou os Estados Unidos, Lituânia e Sérvia como maiores favoritos. A Seleçao Brasileira tentará ficar entre os quatro primeiros estabeleceu isso como meta. Mas reconhece que será difícil. O país terá como destaques o pivô Lucas Bebê, que teve seu nome ventilado no Draft 2011 da NBA, e Fabricio Melo, que joga por Syracuse, tradicional faculdade americana. Mesmo assim, há problemas. A equipe brasileira tem em suas fileiras jogadores desempregados, e poucos que atuam no basquete interno.  

Fonte: Lancenet

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