segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Entrevista – Érika (CBB)

Depois de dez anos atuando fora do Brasil, nas principais Ligas do mundo, a pivô Érika de Souza, uma das cinco melhores jogadoras do mundo, está de volta ao seu país natal. Érika foi repatriada pelo Sport Recife (PE), onde disputará a 3ª Liga de Basquete Feminino em 2013. A pivô falou sobre seu retorno ao Brasil, de seus gostos pessoais e da expectativa para o próximo ciclo olímpico. A única certeza que deu foi que quer estar nas Olimpíadas do Rio 2016 e com uma medalha no peito.

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1. Você retorna ao Brasil depois de muitos anos jogando fora? Está feliz com esse retorno?
Estou muito feliz. Recife é um lugar maravilhoso e a diretoria do Sport está fazendo de tudo para a gente. Além disso, voltar ao Brasil é maravilhoso e estar ao lado das minhas companheiras de seleção como a Franciele e a Adrianinha é fantástico.

2. Além da Franciele e Adrianinha, você também está atuando ao lado da Alessandra, que foi em quem você sempre se inspirou. Como está sendo essa experiência?

Nós duas nos damos muito bem e temos muita coisa em comum. É muito legal jogar ao lado de quem a gente admira. Ela é minha dupla e sempre procura me ajudar, dar uns toques. Afinal ela tem anos de basquete na minha frente. Estou muito feliz de dividir o garrafão com ela.

3. Qual a expectativa para a estreia na 3ª Liga de Basquete (LBF), agora vestindo a camisa do Sport Recife?

A expectativa é muito positiva. O campeonato está previsto para começar em janeiro, mas estamos treinando muito forte e fazendo academia diariamente. Já disputamos amistosos contra as equipes que vão disputar a competição e algumas equipes masculinas. Queremos chegar bem e dar o máximo em quadra na busca de um bom resultado. Acho até que é merecido levarmos o título [disse brincando, entre risos].

4. O que você está achando de treinar com o técnico Roberto Dornellas?

Não conhecia o Dornellas, mas estou gostando muito. Ele nos deixa bastante a vontade para jogar e tem me ajudado muito, até de três pontos estou chutando. Todos já haviam me falado muito bem dele e estou feliz com o resultado que estamos tendo. A comissão técnica também tem colaborado bastante para a melhoria do nosso rendimento. O preparador físico está sempre em contato com o Vita [preparador físico da Seleção Brasileira] e isso nos deixa mais seguras. Estou me sentindo em casa.

5. Você acredita que o nível do basquete nacional feminino pode aumentar com sua repatriação e das outras atletas da seleção?

Acredito fortemente que sim. Tenho fé que o basquete nacional pode voltar a conquistar os títulos que já teve e continuar sendo essa potência. Além disso, o campeonato nacional está para iniciar e muitas estrangeiras estão vindo também jogar aqui no Brasil. Acho que o somatório de tudo isso vai contribuir para termos mais visibilidade e patrocínios e consequentemente o aumento do número de equipes participando da Liga Feminina. Eu e minhas companheiras estamos aqui para isso. Tenho certeza que todas vão dar o máximo para ajudar crescer cada vez mais o basquete feminino.

6. Você vê muita diferença em treinar na seleção brasileira ou em um clube?

Não muita, pois o modo de treinar é igual e com o contato da comissão técnica da Seleção Brasileira com a dos clubes, o nível dos treinos fica ainda mais parelho.

7. Você é considerada uma das cinco melhores jogadoras do mundo. Ao que se deve isso?

Foi muito trabalho mesmo. Comecei no basquete mais tarde do que a maioria das crianças. Então tive que correr atrás e abrir mão de muita coisa. Fiquei fora do Brasil por dez anos e ralei muito. Acho que o sucesso e esses títulos foram por puro mérito.

8. Foi difícil se adaptar ao modo de vida tanto nos Estados Unidos quanto na Espanha?

Foi muito difícil me adaptar não só ao modo de vida, mas o estilo de treino. Foi muita ralação e tive que trabalhar bastante para conseguir alcançar o nível desejado pelos meus técnicos. No início foi bem difícil mesmo.

9. O que mais sentia falta do Brasil?

Essa é fácil, do calor e das pessoas. O engraçado é que passei muitos anos fora, então acabei me acostumando com a comida e o modo de vida dos países em que joguei. Mas estou me sentindo bastante feliz por poder sair de chinelo e sem me agasalhar [risos].

10. Qual a maior alegria que basquete já trouxe para você?

Com certeza, foi a oportunidade de ajudar a minha mãe (D. Ângela Maria) a fazer o tratamento de saúde que ela precisava. Além, é claro, de poder ter minha casa e alimentar alguns caprichos femininos.

11. Para quem dedica suas vitórias?

Para minha mãe, mesmo não estando mais presente. Ela abriu mão de muita coisa para me ajudar e sempre esteve ao meu lado. Minha mãe sempre me dizia a mesma frase: "Vai que a mãe está aqui e se não der certo você pode voltar para casa". Isso me consolava bastante. Minha mãe é minha fonte de inspiração e um grande exemplo de pessoa. Tenho muito orgulho dela.

12. Você é muito presente nas redes sociais e passa muitas horas na internet. O que mais você faz para se divertir?

Realmente, o Facebook é vício para mim, tanto que é a segunda coisa que faço quando acordo. Mas também adoro ler e ir à praia. Além disso, entrei para a universidade e estou fazendo administração, então sempre que sobra um tempo aproveito para estudar.

13. O que mudou da Érika que esteve na conquista do título Sul-Americano Sub-15 em 1998 para a de hoje, que está entre as cinco melhores jogadoras do mundo?

Nossa, nessa época eu não jogava quase nada. Fazia pouquíssimo tempo que havia entrado para a modalidade e já estava na Seleção Brasileira. Foi um sonho, mas nunca imaginei que poderia estar aqui hoje. Algumas coisas ainda são iguais, como a determinação e a força de vontade. Consegui conquistar muito, mas ainda quero mais. A minha meta ainda não está concluída, quero ajudar ainda muito a seleção brasileira.

14. Ano que vem o Brasil disputa a Copa América e recomeçará um novo ciclo até 2016. Qual sua expectativa? Sonha estar nas Olimpíadas do Rio?

Acho que é cedo para pensarmos nisso ainda, mas sei que será meu último ciclo com a seleção e quero muito estar nas Olimpíadas do Rio. Ainda mais que será na minha cidade, com a presença dos meus amigos e família. Será maravilhoso. Sei também que eu a equipe temos muito trabalho pela frente se quisermos um resultado melhor nos Jogos. Mas estou bem mais madura hoje e confiante para pegar no pé dessa molecada mais nova. Não abro mão da minha medalha no peito.

15. Deixe uma mensagem para as crianças que sonham em defender a camisa verde e amarela.

Acredito muito que quando se tem determinação e força de vontade você consegue qualquer coisa. Sempre iremos encontrar pedras no caminho, mas você vai juntando todas essas pedras e no fim construirá um castelo lindo. É essencial colocar Deus acima de tudo e não desistir nunca, independente do que digam ao seu respeito. É importante se dar a oportunidade e assim chegará aonde determinou. No final será só alegria.

3 comentários:

Cesar Augusto disse...

Essa é a minha estrela !!! Amo a Érika !!!
#GoSport !

Anônimo disse...

tb sou loco por ela....mas entrevista para a cbb e assim...um paraiso....os problemas que o sport está passando inexistem..

Anônimo disse...

Parabéns, Érika!!
Mas, infelizmente tem técnicos de base no Estado de São Paulo, que colocam pedras bem grandes nos pescoços de garotas iniciantes, que é para elas afundarem bem rápido e acabarem com seus sonhos. Quem são eles para matarem sonhos de jovens adolescentes. Enfim são os puxas sacos da CBB, é que no Brasil temos muitas garotas fazendo esse esporte.