domingo, 23 de junho de 2013

Entrevista - Ariani (CBB)

Natural de Franca (SP) e descoberta pelas mãos da mesma técnica que revelou a armadora Adrianinha Moisés, a jovem Ariani Sousa Silva, de 23 anos e 1,70m, busca sua vaga na Seleção Brasileira. Comandada pelo técnico Luiz Augusto Zanon, a equipe disputará o 33º Campeonato Sul-Americano da Argentina, de 23 a 27 de julho, em Mendoza. Depois de uma temporada de quatro anos nos Estados Unidos, Ariani será a armadora da equipe de Ourinhos (SP) no Campeonato Paulista e na próxima edição da Liga de Basquete Feminino (LBF) 2013/14. A jogadora que defendeu o Brasil no Campeonato Mundial Sub-19 (Eslováquia – 2007), falou sobre sua vida pessoal e sonhos para o futuro. 

Conte um pouco da sua trajetória no basquete.

Comecei no basquete aos dez anos de idade no SESI Franca (SP). Joguei por um ano e três meses na escolhinha e fui jogar com as meninas que eram mais avançadas. Atuei em Franca por quatro anos, e depois joguei em Catanduva e Americana. De lá, fui direto para os Estados Unidos onde fiquei dois anos no Jr College, em Arkansas City, e mais dois na Universidade de Oklahoma. Lá estudei administração esportiva e psicologia. Este ano, voltei para o Brasil e vou defender Ourinhos (SP) nesta temporada. 

E como era jogar nos Estados Unidos?

A carga de horário de estudos e de treinos era bem puxada. Cheguei a treinar de madrugada até às 4h da manhã, e depois ter que ir pra faculdade. Eles queriam o esforço e o desgaste máximo para na hora que estivéssemos em quadra, o jogo fluísse naturalmente.

Conte um pouco da sua rotina Universidade?

A rotina era treinar, fazer físico, correr em morro ou no campo de futebol americano. Depois voltava para casa, banho, café e ia para a faculdade. Na volta das aulas, ainda tínhamos que ir pra academia e ir treinar de novo. De noite, tínhamos que estudar, porque precisávamos ter notas boas na faculdade. Muita gente não conseguia terminar a faculdade por conta dessa rotina. Sofri bastante no começo, no período de adaptação, mas tinha facilidade com o basquete. O que achava bem pesado era a parte física, porque o jogo era muito rápido, contra-ataque e sem jogada tática. Além disso, o técnico exigia que estivéssemos preparadas pra jogar durante 30, 40 minutos, sem deixar cair o ritmo. Foi um período bastante interessante que me ajudou bastante na maturidade profissional. Para estar na seleção hoje, trabalhei muito.

O que mudou da Ariani do Campeonato Mundial Sub-19 da Eslováquia, em 2007, para os dias de agora?

Hoje eu jogo com mais alegria. Continuo com o semblante sério, mas estou bem mais madura, além de conseguir distinguir mais as coisas e pegar as situações de jogo mais rápido. Estou bem mais segura para tomar decisões de jogo. Acredito que mudei muito nesses seis anos.

Você disse que é uma jogadora séria em quadra, mas na hora da bola na cesta e da vitória você comemora?

Só quando é uma coisa muito importante, como aconteceu no primeiro jogo da nossa Conferência, na última temporada. Meu time estava perdendo de dois pontos e faltava 1.8s para o fim da partida. Minha companheira pegou o rebote no lance livre e eu corri até o garrafão adversário. Ela fez o passe para mim e converti a bola. Essa cesta foi extremamente importante, pois ganhamos a partida por um ponto de vantagem. Depois que fiz a cesta, demorei um tempo pra me dar conta que havíamos vencido. Quando percebi minhas companheiras estavam na minha volta comemorando. Foi muito legal.

Qual o seu papel dentro da Seleção Brasileira?

Trabalho em cima do conceito que tenho o mesmo para aprender do que para ensinar. Sou uma atleta que tive a oportunidade de jogar fora e conhecer muita coisa diferente, então gosto de passar um pouco disso para as minhas companheiras. Mas acho que esse trabalho de renovação que o Zanon está comandando deve ser bastante destacado, pois é muito importante para o futuro do basquete brasileiro. Isso encurtará a distância entre uma equipe nacional e uma americana, por exemplo. Esses amistosos que fizemos contra as equipes da WNBA foram importantes para provar que é possível. Tenho muito que aprender com esse trabalho.

Como define o trabalho de uma armadora?

Gosto muito do trabalho da armação de observar e ter a leitura do que está acontecendo no jogo. Passo essa percepção para minhas companheiras de time de uma maneira muito tranquila. E gosto de ter o feedback delas da mesma maneira.

A Adrianinha Moisés foi armadora da seleção nas Olimpíadas de Londres 2012, quando se aposentou. A vaga está aberta. Você sonha em ocupar essa posição nos Jogos do Rio 2016?

Tenho um longo caminho até lá. Vou trabalhar muito nesse sentido. Acredito que ela fará muita falta, mas confio no meu potencial. Para conquistar minha vaga permanente na seleção, tenho cuidado muito da alimentação, o que não tinha a oportunidade de fazer quando estava nos Estados Unidos, pois era muito difícil ter uma alimentação saudável. Tenho feito também em Ourinhos, com o Cristiano Cedra [técnico de Ourinhos e assistente técnico da seleção feminina], trabalhos extras, treino de habilidade e visão de jogo. Não estava mais acostumada com um jogo tão organizado. Nos Estados Unidos era muito contra-ataque, então estou trabalhando essa situação de comando e comunicação com a equipe que pede o papel da armadora.

E fora das quadras. Qual a programação preferida com as amigas e com o namorado?

Sempre fui de sair com minhas amigas e irmão. Saio bastante pra almoçar e jantar fora. Adoro comida japonesa, chinesa, mexicana, esfirra, pizza doce. Quando estou em Franca, gosto também de ir pra balada e cinema. Com o namorado ainda não tive oportunidade, porque é bem recente. Ele joga basquete fora do Brasil e está chegando.

Você também cozinha?

Gosto muito de cozinhar. Minha mãe adora que eu leve meus amigos comigo pra casa e faz de tudo pra nos agradar. Acho que aprendi a cozinhar assim observando ela. Gosto de fazer uma boa massa, frango xadrez e strogonoff. Também adoro fazer sobremesas diferentes.

Qual a expectativa para ficar entre as doze jogadoras que vão disputar o Sul-Americano?

A oportunidade está aqui pra todo mundo e tenho as mesmas chances das outras armadoras. Estou aqui pro Zanon conhecer o meu trabalho, já que ele conhece mais as jogadoras que atuam no Brasil. Estou me esforçando muito nos treinos. Acredito que há grandes possibilidades. Tomara!

E o que está achando do trabalho de Ourinhos para a próxima temporada do Campeonato Paulista e LBF 2013/14?

Quando eu era juvenil, Ourinhos era conhecida como a capital do basquete feminino. Sempre foi meu sonho jogar lá, e quando recebi o convite fiquei muito feliz. Quero muito participar desse novo momento do clube e ajudar a equipe a voltar ao topo do basquete nacional.

O que você está achando de trabalhar com os técnicos Zanon e Cedra?

Quando acompanhava o Zanon, ele era técnico de Limeira. Ele é muito engraçado dentro e fora de quadra. Até na hora das broncas ele acaba soltando alguma piada, mas nessa hora não dá pra rir, né?! Mas também é bravo e bem direto e objetivo com a gente. O Cris é uma graça de técnico e muito gente boa. Ele nos ajuda muito e se preocupa comigo e as meninas. Dentro de quadra, ele é extremamente inteligente e sabe como falar na hora de corrigir. Apesar de ser difícil de acreditar, ele também é firme e cobra bastante [disse entre risos].

Um de seus sonhos era defender a seleção adulta e outro era jogar em Ourinhos. Você está realizando os dois. Quais os próximos objetivos para o futuro?

Meu maior sonho é disputar uma Olimpíada, mas também gostaria muito de no futuro jogar na Europa. Mas antes quero ficar um bom tempo em Ourinhos. Estou muito feliz de conseguir juntar a realização de trabalhar em Ourinhos e com o Cris. 

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